“Com este Fórum, voltámos a contribuir para a afirmação da região Centro. Mas, a partir de agora, o Vê Portugal passa também a contribuir para a afirmação do turismo no nosso país, considerou Rui Ventura, presidente da Turismo Centro de Portugal, no encerramento do encontro.
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A importância do turismo interno para o crescimento nacional ficou reafirmada durante os três dias do 11.º Fórum Vê Portugal, que terminou esta quarta-feira no Velódromo Nacional, em Anadia. Na intervenção de encerramento, Rui Ventura, presidente da Turismo Centro de Portugal, destacou a importância de o fórum ter reunido no mesmo espaço o Turismo de Portugal e as cinco Entidades Regionais de Turismo (ERT) do continente.
«Com este Fórum, voltámos a contribuir para a afirmação da região Centro de Portugal. Mas, a partir de agora, o Vê Portugal passa também a contribuir para a afirmação do turismo no nosso país», sublinhou Rui Ventura, que agradeceu aos participantes e oradores que enriqueceram os debates ao longo dos três dias em Anadia, e deixou o desafio para o próximo ano.
«Convido desde já os meus colegas das ERTs para que, no próximo ano, nos encontremos de novo neste fórum, para voltarmos a dar a nossa perspetiva e para que continuemos a trabalhar no sentido de um turismo melhor», acrescentou.
Teresa Cardoso, presidente da Câmara Municipal de Anadia, também usou da palavra no encerramento, expressando o orgulho do município em acolher este evento nacional e destacando a importância de valorizar os ativos locais – desde o enoturismo ao termalismo – como pilares do desenvolvimento turístico sustentável.
PAINÉIS CENTRARAM-SE
EM NATUREZA, PAISAGEM E MERCADO INTERNO
O último dia do Fórum foi marcado por uma sequência de debates estimulantes sobre temas cruciais para o futuro do setor. No painel “Turismo de Natureza na Região de Lisboa”, Carla Salsinha, presidente da ERT de Lisboa, moderou um debate em que Carlos Pais, presidente da direção da Tapada Nacional de Mafra, Rui Rosado, presidente da Marinha do Tejo e Sandra Paiva, coordenadora do EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves, mostraram como o turismo de natureza está a emergir como um segmento novo da oferta daquela região.
Seguiu-se o painel “A Paisagem – O Ativo Turístico do Alentejo”, moderado por José Santos, presidente da ERT do Alentejo e Ribatejo, em que os oradores refletiram sobre o papel central da paisagem alentejana como recurso cultural, ambiental e económico, e para os perigos e ameaças que pairam sobre este ativo tão valioso.
Participaram no debate Jorge Rosado, vereador do Município de Marvão, Ana Barbosa, da Turaventur – Aventura e Turismo e Monica McGill, diretora das Casas Brancas.
À tarde, André Gomes, presidente da ERT do Algarve, moderou o painel “Importância do Mercado Interno na Atividade Turística Nacional”. A conversa, em que foram intervenientes Emanuel Freitas, diretor-geral dos AP Hotels & Resorts, Ana Jacinto, secretária geral da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, Raquel Oliveira, vice-presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo e Álvaro Covões, fundador e diretor da Everything is New, reforçaram que o turismo interno tem sido a base sólida do setor, sobretudo em momentos de crise, e continuará a ser determinante para a coesão e sustentabilidade das regiões menos expostas ao turismo internacional.
PRESIDENTES DAS ERT APRESENTARAM
CONCLUSÕES E ALINHARAM ESTRATÉGIAS
O momento alto do dia foi o painel final de conclusões, que reuniu os presidentes das cinco ERTs: Luís Pedro Martins (Porto e Norte), Rui Ventura (Centro de Portugal), Carla Salsinha (Lisboa), José Santos (Alentejo e Ribatejo) e André Gomes (Algarve), num animado debate que foi moderado por Carlos Abade, Presidente do Turismo de Portugal.
Nesta mesa-redonda, os líderes regionais destacaram a importância de alinhar estratégias e subscreveram a necessidade – que já vem de outros fóruns – de assegurar o reforço da autonomia das entidades regionais de turismo, tanto a nível orçamental como administrativo.
«As Entidades Regionais têm muito pouca autonomia. Há tecnocratas nos gabinetes que acham que podem comandar as estratégias das ERTs», sublinhou Rui Ventura, acrescentando que as ERTs devem ter um papel preponderante na aprovação de projetos na área turística.
«As ERTs devem ter pareceres vinculativos. Somos pouco ouvidos. Esta afinação tem de ser feita, sob pena de cada instituição remar para o seu lado». Antes, Rui Ventura tinha agradecido o contributo das ERTs para a discussão: «Todos os painéis abordados neste fórum tocaram em temas que são transversais a todo o país. O contributo das ERTs enriqueceu este debate», enalteceu.
As dificuldades de funcionamento das ERTs foram também referidas por Luís Pedro Martins. Lembrando que o turismo é um setor que representa mais de 20 por cento das exportações do país, salientou que a Lei 33, que estipulou as competências das ERTs, não lhes deu a autonomia financeira e administrativa necessária.
«Esperamos todos que, estes problemas aqui identificados, sejam finalmente atacados nesta legislatura», considerou. Ainda assim, disse, os resultados do turismo «têm sido espetaculares, fruto da paz social que existe no setor e na colaboração entre as entidades», sustentou.
Também Carla Salsinha frisou que «as pessoas não têm a noção da dificuldade que é gerir uma ERT. Há muitas vozes, muitas instituições, com competências no turismo, o que gera ineficiência. O Estado tem de saber o que quer das ERTs».
Carla Salsinha referiu ainda que a aposta deve incidir cada vez mais na qualificação do setor: «Temos de continuar a fazer este trabalho com as empresas, que são quem traz os turistas».
Da parte do Alentejo, José Santos subscreveu os problemas identificados pelos colegas, colocando a tónica na contratação dos recursos humanos: «Nas ERTs, não conseguimos contratar pessoas novas. É um problema estrutural da administração pública, que é muito limitativo».
«Os desafios estão identificados e são transversais a todas as regiões», considerou André Gomes: «Desde 2013 que as ERTs têm vindo a perder capacidade de execução e de ação. Há falta de reconhecimento da importância do turismo nos orçamentos de Estado», concluiu.
O 11.º Fórum Vê Portugal reuniu centenas de participantes em Anadia, ao longo de três dias intensos de debate, networking e partilha de boas práticas, afirmando-se como um espaço de referência para o pensamento estratégico e a ação colaborativa no setor turístico nacional.
O evento foi organizado pela Turismo Centro de Portugal, em parceria com o município de Anadia e com o apoio das Entidades Regionais de Turismo de todo o país e do Turismo de Portugal.
Refira-se que a Turismo Centro de Portugal é a entidade que estrutura e promove o turismo na Região Centro do país. Esta é a maior e mais diversificada área turística nacional, abrangendo 100 municípios, e tem registado um intenso crescimento da procura interna e externa.
É a região a escolher para quem pretende experiências diversificadas, pois concilia locais Património da Humanidade com a melhor costa de surf da Europa, termas e spas idílicos, locais de culto de importância mundial e as mais belas aldeias.
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