A Fitch decidiu esta sexta-feira manter o rating da dívida soberana em ‘A-‘, contrariando as opiniões de especialistas e do ministro das Finanças, que acreditavam numa subida para ‘A’, mesmo com a crise política.
A agência de notação financeira decidiu também continuar com a perspetiva positiva, um outlook que foi definido em setembro do ano passado.
Fitch justifica a decisão com o facto de Portugal ter indicadores de governação superiores à mediana ‘A’, mas que estes fatores são “equilibrados por níveis ainda elevados de dívida pública e externa”.
“O outlook positivo reflete as perspetivas de redução contínua da dívida pública e externa e um grau de resiliência esperado na economia portuguesa, apesar dos riscos externos elevados e da incerteza em torno dos desenvolvimentos políticos”, acrescentou.
A Fitch destaca as tensões comerciais e questões geopolíticas, que podem prejudicar as exportações e reduzir o crescimento, bem como as eleições legislativas antecipadas, como riscos à economia portuguesa.
“A instabilidade relacionada com as eleições pode impedir a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, dificultando o crescimento ao atrasar projetos críticos”, sublinha a agência, aditando que a crise poderá igualmente “enfraquecer a confiança do consumidor e das empresas, levando as famílias e as empresas a adotar estratégias de gastos e investimentos mais cautelosas”.
A Fitch recorda que “esta é já terceira eleição legislativa de Portugal em três anos, enfatizando a volatilidade política recorrente”. “Prevemos que um dos principais partidos centristas vencerá e manterá políticas orçamentais prudentes”, antecipa a agência, que admite que, “apesar do forte histórico de disciplina orçamental do país ao longo de várias mudanças governamentais, o próximo período eleitoral pode afetar a implementação de medidas orçamentais, potencialmente minando a posição orçamental de Portugal”.
A Fitch não segue assim as duas outras agências de notação financeira que se pronunciaram sobre Portugal este ano. Tanto a DBRS como a S&P melhoraram a classificação da dívida soberana nas suas revisões, que aconteceram ainda antes da crise política.
O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Crédito: Link de origem