A 21ª edição do Festival MED, que decorre de 26 a 29 de junho na Zona Histórica de Loulé, revelou este sábado, no Cineteatro Louletano, o alinhamento completo da sua programação musical e cultural. O evento, um dos maiores festivais de world music da Europa, reforça o seu caráter internacional com um cartaz que junta 54 concertos, 90 horas de música e mais de 300 músicos oriundos de cerca de 30 nacionalidades.
Foram anunciados os últimos 13 nomes que se juntam aos 25 já confirmados, completando o vasto programa que se espalha pelos palcos da Matriz, Cerca, Castelo, Chafariz, Hamman e por outros espaços menos convencionais da cidade. Entre os destaques internacionais estão Mitsune (Japão), The Congos & The Gladiators (Jamaica), Cesária Évora Orchestra (Cabo Verde), Adam Ben Ezra (Israel/Portugal), El Sonidero Insurgente (Argentina), Grèn Sémé (Ilha da Reunião) e o coletivo lusófono Lá no Xepangara (Moçambique, Brasil, Guiné-Bissau e Portugal).
A diversidade sonora é transversal ao cartaz do Festival MED, onde também figuram nomes portugueses como Filipe Sambado, Cristina Clara, Virgem Suta, A Cantadeira, Homem em Catarse e Nomad. Destaque ainda para o concerto “Open Day”, no dia 29, que presta homenagem à cantora cabo-verdiana Sara Tavares, com a participação da Banda Filarmónica Artistas de Minerva, Shout, Mau Feitio e convidados a anunciar.
Mitsune promete ser um dos pontos altos do dia 27. A banda japonesa, sediada em Berlim, mistura música tradicional nipónica com influências psicadélicas e visuais intensos, numa performance sensorialmente envolvente centrada no tsugaru shamisen. No mesmo dia, o reggae clássico ganha vida com The Congos & The Gladiators, dois nomes lendários da Jamaica que se reúnem numa celebração única do género.
Na sexta-feira, 28, Filipe Sambado leva ao palco o espetáculo “Gémea Analógica”, um formato acústico e intimista do seu mais recente disco. Também nesse dia, o projeto Lá no Xepangara revisita o legado de José Afonso através de uma perspetiva africana, promovendo um diálogo musical entre culturas lusófonas.
A estreia nacional dos Grèn Sémé marca a presença da Ilha da Reunião no MED. O grupo funde maloya, rock, dub e eletrónica, com poesia em crioulo, criando uma sonoridade contemporânea e singular.
Cabo Verde: país convidado com programação multidisciplinar
O arquipélago de Cabo Verde é o país homenageado desta edição, coincidindo com a celebração dos 50 anos da sua independência. A cultura cabo-verdiana estará em destaque não só nos palcos, com nomes como Ceuzany, Dino D’Santiago & Os Tubarões, Ferro Gaita, Carmen Souza e Cesária Évora Orchestra, mas também no cinema, literatura, gastronomia, artes plásticas e artesanato.
A programação arranca antes do festival, no fim de semana de 20 a 22 de junho. Na literatura, a Casa da Cultura de Loulé recebe os escritores José Luiz Tavares e Dina Salústio, além da apresentação do catálogo “Falas Afrikanas”. A exposição “Cartografias Transatlânticas”, com curadoria de João Serrão e Ricardo Vicente, abre a 20 de junho na Galeria do Espírito Santo, reunindo artistas com ligações a Cabo Verde.
No cinema, serão exibidos “Sodade”, de Sarah Grace, e “Cesária Évora”, documentário de Ana Sofia Fonseca, entre outros. Haverá ainda espaço para um DJ set com os DJs da Futura — Rádio de Autor.
No dia 29, a gastronomia cabo-verdiana será celebrada com um show cooking no Castelo, a cargo das chefs Milocas e Fátima Moreno. Também nas ruas, o festival será invadido por ritmos e danças tradicionais como o batuque, txabeta, kola san jon, além de manifestações culturais portuguesas e latino-americanas.
O MED Kids traz para os mais novos histórias e jogos infantis de Cabo Verde, com o contador Adriano Reis. As oleiras Isabel Sanches e Edna Sanches Cabral partilham a tradição da cerâmica em demonstrações e workshops diários no “Pátio” de Cabo Verde.
Espaços paralelos e música clássica integram programação
Além dos palcos principais, outros espaços da cidade recebem concertos mais intimistas, como o Café Calcinha, o Arco e a zona do Mercado. Aí atuarão artistas como Nanook, Daniel Kemish e Eduardo Ramos. Já a Igreja Matriz recebe o MED Classic, com quatro concertos de música erudita sob curadoria de Sérgio Leite, diretor do Conservatório de Loulé. O cartaz inclui o Flanders Recorder Duo (Bélgica), Protus Marimbá Quartet (Espanha) e atuações de alunos portugueses e espanhóis.
Expectativas elevadas e bilhetes à venda
Carlos Carmo, diretor do festival, destacou que esta é uma das edições mais fortes do Festival MED. “Temos uma programação que cruza o mundo e uma ligação muito especial com Cabo Verde, um país com forte presença na comunidade louletana.” Já o presidente da Câmara, Vítor Aleixo, sublinha o impacto económico e cultural do evento. “Loulé transforma-se num verdadeiro ponto de encontro de culturas.”
Os bilhetes já se encontram à venda no Cineteatro Louletano e em BOL.pt, com preços reduzidos até 22 de junho: bilhete diário a 10 euros, passe geral a 30 euros e bilhete família diário a 35 euros.
aNOTÍCIA.pt
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