Ferrari Purosangue que viajava de Ushuaia ao Alasca sofre acidente no Peru

Em março, revelamos aqui os planos de Em Jay, um anônimo (e milionário) aventureiro alemão que queria percorrer a Rodovia Pan-americana guiando seu Ferrari Purosangue. Na época, a preparadora alemã Delta4x4 estava fazendo algumas modificações no carro para a viagem pelas três Américas.

Agora chega a notícia de que a jornada foi interrompida por causa de um acidente — e nossos colegas Umberto Torres e Carlos Cristófalo, do Motor1 Argentina, trazem mais detalhes.

O incidente não ocorreu na Rodovia Pan-americana, mas sim na estrada que liga as cidades de Nazca a Cusco, no Peru. Para evitar um choque, Em Jay e seu copiloto Nicolai Böhm saíram da pista e foram parar numa valeta lateral.

Batizado de Sammy (em memória a um cãozinho de Em Jay), o Purosangue sofreu danos que parecem configurar um quadro de perda total: braços de suspensão partidos, airbags disparados e para-brisa quebrado. O dono, contudo, é um otimista e ainda mantém esperanças de salvar o carro e seguir viagem.

Foto de: Jason Vogel

O próprio Em Jay relatou o acidente ao Motor1 Argentina:

“Alguém veio na minha direção, na minha pista, então precisei desviar. Era um motorista que calculou mal uma ultrapassagem. Felizmente, não me aconteceu nada, mas o Sammy acabou caindo no acostamento e quebrou as pontas de eixo dianteiras e traseiras. Além disso, os airbags foram acionados e o para-brisa trincou. Agora, o Sammy está sendo levado para a concessionária Ferrari em Santiago, no Chile, e esperamos que consigam consertá-lo lá. Depois do reparo, vamos continuar a viagem, claro. O plano é que tudo siga normalmente.”

Foto de: Jason Vogel

Roteiro de 30 Mil Km

No final de março, o Sammy foi embarcado num contêiner em Hamburgo e passou quatro semanas no mar até chegar a Montevidéu, em 28 de abril. Da capital uruguaia, Em Jay e Nicolai tomaram o rumo do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, entrando na Argentina por Foz do Iguaçu, para ver as cataratas. De lá, desceram até Ushuaia, no extremo sul da Argentina.

Como em tantas aventuras, o objetivo principal era guiar de Ushuaia ao Alasca, percorrendo o máximo possível do traçado da histórica Rodovia Pan-americana, mas também fazendo turismo. Já haviam dirigido pelo Deserto de Atacama, vencido o sinuoso e estreito Camino de la Muerte (na Bolívia) e também salgado o fundo do carro no Salar de Uyuni. O acidente aconteceu a caminho de uma visita a Machu Picchu. A travessia da Colômbia ao Panamá seria feita de avião e o plano original previa rodar 30 mil quilômetros.

Foto de: Jason Vogel

“Claro que existem modelos mais adequados para esse percurso exigente, mas também há a emoção de dirigir essa maravilha e mostrar que é possível fazê-lo com um carro da Ferrari. Afinal, qualquer um pode fazer isso com um SUV comum”, afirmou Em Jay antes do acidente.

Em teoria, a viagem teria ainda um fundo filantrópico: a cada quilômetro percorrido, seriam doados 10 centavos de euro ao projeto esportivo Criança do Futuro, uma escolinha de futsal na Rocinha, Rio de Janeiro. Em Jay afirma ter muitos amigos na cidade e que já trabalhou por muitos anos no setor imobiliário brasileiro. Fazendo as contas, 30 mil km seriam 3 mil euros (R$ 19 mil).

Foto de: Jason Vogel

Toyota Purosangue

Antes da viagem, o Purosangue foi submetido a algumas modificações, como as rodas Delta4x4 Beadlock, de 20”, normalmente usadas em jipões e picapes 4×4 (esses aros têm um sistema de fixação do pneu por meio de parafusos e um anel de travamento, impedindo o destalonamento e a perda de ar em situações limite). E, de fato, os pneus continuaram inflados mesmo após a pancada.

Mas a modificação mais curiosa foi a substituição dos escudinhos da Ferrari pelo oval da Toyota — algo que, segundo Em Jay, serviria para dar “uma aparência mais neutra” ao quase-SUV com motor V12 de 6,5 litros aspirado e 725 cv.

Foto de: Jason Vogel

O disfarce, contudo, não durou muito e o Purosangue já estava sem a pitoresca camuflagem quando houve o acidente. Se Em Jay tivesse escolhido um Toyota de verdade para fazer a viagem, os danos certamente teriam sido menores.

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