A febre das réplicas hiper-realistas de bebês no Brasil ganhou destaque nas páginas do jornal americano The New York Times, que destacou o movimento “reborn” em uma extensa reportagem que aborda como o fenômeno cultural tem agitado o Brasil e provocado fascínio e polêmica. Intitulada “Extremely lifelike dolls cause a frenzy in Brazil” (“Bonecas extremamente realistas causam frenesi no Brasil”), a matéria assinada por Jack Nicas analisa o crescimento do interesse por essas bonecas no país e os desdobramentos sociais e políticos que vêm surgindo junto a elas.
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“Para algumas pessoas, as bonecas — conhecidas como bonecas reborn — oferecem conforto, escapismo ou simplesmente diversão. Mas políticos em todo o Brasil tentaram aprovar projetos de lei que proíbem as bonecas em espaços públicos”, diz o texto logo em seu subtítulo.
O NYT relata casos de criadoras de conteúdo que simulam situações do cotidiano com os reborns, como levar “filhos” ao hospital, alimentá-los com mamadeiras e até celebrar aniversários com direito a bolo e parabéns. Uma dessas influenciadoras, segundo o jornal, protagonizou um vídeo que viralizou no TikTok:
“Uma jovem publica um vídeo que aparentemente a mostra segurando seu bebê, Bento, e arrumando a bolsa dele para uma ida ao hospital (…) Mas essa não era uma emergência médica real — era uma encenação feita por uma criadora de conteúdo — e o bebê não era real. Era uma boneca incrivelmente realista, chamada de boneca reborn.”
O fenômeno dos reborns, que existem desde os anos 1990, ganhou uma proporção inédita nas redes sociais brasileiras. As imagens de mulheres levando os “bebês” em carrinhos ao parque, simulando partos e interações do cotidiano têm gerado reações extremas.
A reportagem destaca, ainda, a reação de políticos brasileiros, especialmente da ala conservadora, que vêm tentando limitar a presença das bonecas em espaços públicos.
“No estado do Amazonas, no norte do Brasil, o deputado João Luiz recentemente levou uma das bonecas ao legislativo e argumentou, sem provas, que algumas mulheres vinham exigindo benefícios públicos pelas bonecas. Sua colega Joana Darc também manifestou preocupação”, diz a reportagem.
A matéria também ressalta os pelo menos 30 projetos de lei que já foram apresentados em câmaras e assembleias pelo país com o objetivo de impedir que reborns recebam atendimento em unidades de saúde. No entanto, pontua o jornal, só houve um caso documentado envolvendo uma mulher com transtorno mental que teria tentado buscar atendimento para sua boneca.
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Diante do crescimento da prática e da controvérsia em torno dela, algumas iniciativas públicas foram vistas como irônicas ou até provocativas, como a da Prefeitura de Curitiba, por exemplo, que publicou em suas redes sociais um alerta: “Reborns são fofos, mas não garantem lugar no [banco] amarelinho, tá bom?”
O texto do New York Times também revela que o Brasil não está sozinho nessa febre. O mercado internacional de reborns cresce, com bonecas sendo vendidas por até 4 mil dólares em sites especializados.
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