FAO defende “soluções comunitárias” para combater perda de biodiversidade

​A erosão costeira verificada em alguns pontos de Cabo Verde tem provocado perda de biodiversidade. Alerta de Maria Ruiz Villar, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que sublinha a importância de envolver as comunidades como parte da solução.

Maria Ruiz Villar falava à imprensa à margem do workshop ‘Intercâmbio de conhecimento sul-sul sobre floresta comunitária: da África Ocidental para o mundo’, que aconteceu de 26 a 29 de maio na cidade da Praia.

“Por meio deste workshop, Cabo Verde e os outros países estão a aprender sobre o que foi feito noutros lugares, estão aprendendo que em alguns países, as comunidades têm sido participantes importantes no reflorestamento. Em Cabo Verde, há uma situação de erosão com perdas de biodiversidade em alguns lugares e isso afeta as comunidades, por isso é preciso incluí-las na solução deste problema”, afirmou.

A carta de recomendação saída deste workshop chama a atenção para o fato de que não haverá florestas se as comunidades não estiverem incluídas e beneficiarem das medidas para a sua preservação.

“A declaração de Praia vai celebrar todo o progresso que foi feito nas florestas comunitárias. Vai celebrar o papel que as comunidades estão a desempenhar na proteção e restauração das florestas, além de melhorar as suas condições de vida, assim como chamar a atenção para o fato de que não haverá florestas se as comunidades que vivem em cada território não estiverem envolvidas e que essas comunidades têm de se beneficiar, de poderem viver, ter um benefício económico que lhes permita, através da floresta, ter um desenvolvimento económico sustentável”, indica.

“Também chamará a atenção para os direitos das comunidades, é preciso haver um equilíbrio entre as responsabilidades que lhes atribuímos e os seus direitos. Destaca o apoio que é necessário dar em termos de assistência técnica e financeira, não esquecendo que eles têm os seus próprios conhecimentos, que as comunidades conhecem, sabem, existem práticas tradicionais que ficaram muito evidentes no workshop e que devem ser valorizadas”, acrescenta.

Maria Ruiz Villar chama a atenção para a importância da criação de uma aliança entre a população e os governos para travar a mudança climática. Aponta o caso da Serra Malagueta, onde a erosão tem colocado em causa a fertilidade do solo.

“Em Serra Malagueta vimos uma situação muito clara. O solo está com muita erosão, o que faz com que perca a fertilidade para que cresçam plantas. Mas se não há plantas, a água não se infiltra, não entra no aquífero. São as raízes dos bosques que fazem com que o solo se torne uma esponja que conserva a água. Então, há uma ligação entre bosques, água e desenvolvimento, todos têm que vir juntos. O que a mudança climática mostra é que, se não recuperarmos a cobertura florestal, será muito difícil que os bosques cumpram essa função de reter a água que é tão necessária em lugares como as terras malaguetas”, alerta.

O workshop ‘Intercâmbio de conhecimento sul-sul sobre floresta comunitária: da África Ocidental para o mundo’ foi promovido em parceria com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a Cooperação Sueca para o Desenvolvimento Internacional (SIDA) e contou com a presença de 15 países da região africana.

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