Resumo
O estilo de vida moderno, com altos níveis de estresse e pouca atividade lazer, resulta em cansaço crônico e prejuízos à saúde da pele. Especialistas recomendam investigar o cansaço e utilizam tratamentos e cosméticos antifadiga para melhorar a aparência.
O estilo de vida moderno, com muito estresse e pouco lazer, favorece um sintoma difícil de lidar: o cansaço. Não é incomum encontrar pessoas que se identificam com a sigla TATT, ou Tired All The Time (cansado o tempo todo).
“Isso pode ter relação com os níveis altos de cortisol no organismo, mas esses efeitos também aparecem na pele – e de forma duradoura. O corpo humano precisa de algum cortisol para manter um equilíbrio hormonal saudável. Mas o atual estilo de vida é constantemente associado ao excesso da produção desse hormônio, o que resulta no estresse crônico e prolongado, que é altamente prejudicial”, explica Deborah Beranger, endocrinologista com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Mas o problema é que esse excesso reflete na pele. “Os pacientes procuram o consultório com queixas como ar cansado e triste, em vez de rejuvenescimento”, conta a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
“É muito comum os pacientes entrarem na consulta não mais reclamando de rugas, mas sim sobre o aspecto cansado, reflexo do aumento do estresse, estilo de vida, sono alterado, e a crescente demanda por alimentos nem sempre saudáveis”, explica a dermatologista Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Segundo a endocrinologista, o cansaço precisa ser investigado e ele pode ter várias causas. “Temos que investigar anemia, diabetes, a glicose alta também gera cansaço, o hipotireoidismo (que é a diminuição da produção de hormônio de tireoide), alteração cardíaca (quando a bomba cardíaca não está funcionando de maneira adequada), a hipertensão ou arritmias gerando problemas cardíacos, as doenças mentais também, como principalmente a depressão. A síndrome do burnout também tem relação e hoje em dia é tão comum encontrar pacientes com esgotamento físico, ansiedade e depressão por causa de sobrecarga no trabalho”, diz Deborah.
Nos consultórios de Dermatologia, entre as queixas mais frequentes estão as olheiras. “As olheiras que são mais violáceas ou mesmo as mistas com tons acastanhados e arroxeados podem surgir por noites mal dormidas, por excesso de bebida alcoólica, tabagismo, na TPM (tensão pré-menstrual), por abuso da exposição solar, entre outros motivos. Em razão deste quadro, ocorre um processo inflamatório local que produz derrame de pigmento de melanina e hemossiderina que se deposita na pele e a escurece de forma heterogênea e que se torna progressivo e crônico trazendo um ar de cansaço”, explica a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O dermatologista Abdo Salomão Jr., membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que, enquanto as rugas deixam a aparência mais triste, as olheiras conferem uma aparência mais fadigada ao paciente. “Como a pele ao redor dos olhos é uma das mais finas e sensíveis do corpo, está entre as primeiras a revelar sinais de esgotamento”, destaca. “Além disso, uma grande preocupação é a queda das pálpebras”, explica Abdo.
Apesar de ser um sinal clássico, a olheira não é a única alteração que denuncia o cansaço! De acordo com a dermatologista Mônica, há mais sinais clínicos, que podem surgir inclusive por conta do envelhecimento natural. “As pálpebras inferiores, por exemplo, quando começam a se tornar flácidas, trazem uma aparência de cansaço que, logicamente, envelhece o olhar. Não é raro essa flacidez deixar transparecer as bolsas palpebrais”, diz a médica.
A desidratação, opacidade e vermelhidão também estão relacionadas com a aparência de uma pele cansada. Segundo Claudia Marçal, a própria sensibilidade da pele pode estar relacionada ao cansaço. “Muitos tipos de células da pele, incluindo células imunológicas e células endoteliais (células que alinham os vasos sanguíneos), podem ser reguladas por neuropeptídeos e neurotransmissores, que são substâncias químicas liberadas pelas terminações nervosas da pele. O estresse pode liberar um nível maior dessas substâncias e, quando isso ocorre, pode afetar o modo com o qual nosso corpo responde a muitas funções importantes, como sensação e controle do fluxo sanguíneo. Além disso, a liberação desses produtos químicos pode levar à inflamação da pele”, explica a médica.
Nesse contexto, surgiram cosméticos e procedimentos com efeitos ‘antifadiga’. “Inúmeras empresas vêm introduzindo cosméticos antifadiga com ingredientes inovadores”, explica Mônica. Segundo a farmacêutica Maria Eugênia Ayres, gestora farma da Biotec, a proposta de ativos antifadiga faz sentido com ingredientes que aumentem a produção energética – e pode ser necessário unir nutracêutica (via oral) com cosmecêutica (produto tópico).
“Ativos antifadiga como Arct-Alg (tópico) e Bio-Arct (oral) combatem o déficit energético celular e são responsáveis por aumentar a produção de energia (ATP celular) pelas mitocôndrias. Bio-Arct age de forma sistêmica no organismo e é indicado até mesmo para casos de fadiga crônica e mitocondriopatias”, explica a farmacêutica.
“Também pode ser necessário o ácido hialurônico de baixo peso molecular, como Hyaxel, que reduz o impacto dos efeitos do cortisol na pele. Quando elevado, o cortisol prejudica a proliferação e a diferenciação celular e o crescimento dos queratinócitos, levando à atrofia da epiderme e ao enfraquecimento da barreira cutânea. Então, o Hyaxel, além de diminuir essa ação do cortisol, intensifica o processo de renovação da camada mais superficial e fortalece sua função de barreira, aumentando a proteção contra agressores externos”, completa a farmacêutica.
No campo dos tratamentos, o dermatologista Abdo recomenda procedimentos com laser de picossegundos. “O Quadri Pico é uma máquina dinâmica dedicada ao tratamento de manchas, melasma, rejuvenescimento e um pulso especial para o tratamento da rosácea, que causa vermelhidão na pele. Ela tem mais potência e uma maior gama de comprimentos de onda, o que permite tratar manchas, olheiras, vasos, rosácea, além de rejuvenescimento”, explica o dermatologista. “Podemos realizar na região facial, para rejuvenescer a pele local e reestruturar o colágeno, o microagulhamento de ouro com radiofrequência ou lasers com excelente resposta na eliminação de linhas, melhora do tônus e clareamento homogêneo local. Estes tratamentos em conjunto trazem muito bons resultados e podem ser repetidos sempre que necessário”, explica.
Para a região das pálpebras principalmente, Beatriz Lassance enfatiza que uma blefaroplastia pode realizar muito mais do que simplesmente remover o excesso de pele. “A cirurgia pode ajudar a levantar e revitalizar o olhar, diminuir o aspecto de cansado da região, melhorar a aparência de inchaço sob os olhos e, em alguns casos, até mesmo melhorar a visão anteriormente prejudicada”, diz a médica.
A cirurgiã plástica explica que o procedimento mudou muito nos últimos anos. “Com o tempo, percebeu-se que a simples retirada de pele e gordura era responsável por olhos encovados e arredondados. Então, hoje em dia, temos uma conduta mais conservadora na qual, em vez de retirar, reposicionamos tecidos como pele, bolsas de gordura, músculos e ligamentos”, afirma a especialista, que acrescenta que a blefaroplastia pode ser realizada tanto nas pálpebras superiores quanto nas inferiores. “
Podemos ainda utilizar enxerto de gordura e preenchedores injetáveis para solucionar os sulcos abaixo dos olhos que também podem agravar o aspecto de cansaço”, finaliza Beatriz Lassance.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
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