Exploração de petróleo na Amazônia volta ao centro do debate no Brasil e na Guiana Francesa

Deputado da Guiana Francesa pressiona por retomada da exploração de petróleo. No Brasil, autorizações seguem pendentes enquanto o Ibama analisa estudos da Petrobras. A disputa por recursos na Amazônia reacende tensões ambientais e políticas.

A discussão sobre a exploração de petróleo na Amazônia está em alta tanto no Brasil quanto na Guiana Francesa. De um lado, políticos guianenses, como o deputado Jean-Victor Castor, defendem a retomada da prospecção de petróleo no território ultramarino francês. Do outro, o Ibama ainda analisa os estudos ambientais da Petrobras para autorizar a exploração na Foz do Amazonas, no norte do Brasil.

A movimentação na região reacende o embate entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental, em uma das áreas mais sensíveis do planeta.

Pressão política na Guiana Francesa por petróleo na Amazônia

A Guiana Francesa, vizinha do estado do Amapá, quer voltar a explorar petróleo em sua costa atlântica. A atividade foi suspensa em 2019 após fracasso da petrolífera francesa Total. Desde então, a Lei Hulot, de proteção ambiental, proíbe a extração de petróleo em todo o território francês.

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Agora, parlamentares locais querem mudar esse cenário.

“Temos que sair dessa hipocrisia. A Guiana Francesa tem muitos recursos naturais, como petróleo e gás, mas está sendo impedida de se desenvolver”, afirma Jean-Victor Castor.

Segundo ele, a região abriga 300 mil habitantes, sendo que 60% vivem na pobreza. Para os defensores da retomada, os recursos do petróleo seriam essenciais para garantir acesso a serviços básicos como água, energia e educação.

Guiana Francesa x França: uma disputa por autonomia

Castor, que integra o Movimento pela Descolonização e Emancipação Social, também reivindica maior autonomia para a Guiana Francesa. Ele acusa o governo francês de manter o território em situação de abandono:

“Há várias décadas, tudo o que foi planejado pelas autoridades públicas fracassou simplesmente porque a França não quer investir na Guiana Francesa”.

Para evitar que os lucros com o petróleo fiquem concentrados em Paris, ele propõe um modelo de transição para que o território conquiste soberania sobre seus recursos.

Brasil ainda sem decisão sobre petróleo na Foz do Amazonas

Enquanto isso, no lado brasileiro, a exploração de petróleo na Amazônia também está em análise. A Petrobras aguarda autorização para atuar na Foz do Amazonas, mas enfrenta resistência ambiental.

O Ibama continua avaliando os estudos de impacto ambiental apresentados pela estatal. Segundo Gustavo Moura, pesquisador do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará, os documentos estão incompletos.

Problemas nos estudos ambientais da Petrobras

Gustavo Moura, que também coordena o projeto Maretórios Amazônicos, aponta diversas falhas nos estudos:

  • Áreas de pesca tradicional foram delimitadas de forma descontínua, o que não condiz com a realidade das comunidades ribeirinhas.
  • Algumas cidades receptoras de resíduos não foram incluídas no plano.
  • Consultas prévias e informadas às comunidades tradicionais não foram realizadas.

“Dimensionar como isso vai afetar a cadeia produtiva, os produtos da sociobiodiversidade aqui na Amazônia” alerta o pesquisador.

Além disso, Moura chama atenção para a proximidade dos blocos petrolíferos com os recifes da Amazônia, ecossistemas únicos e sensíveis.

Exploração de petróleo e a transição energética

Tanto no Brasil quanto na Guiana Francesa, os defensores da exploração alegam que o petróleo é necessário para financiar a transição energética. No entanto, especialistas e ambientalistas veem contradição nesse discurso.

Como falar de futuro sustentável explorando combustíveis fósseis na Amazônia? É um sinal negativo ao mundo, principalmente com a COP 30 se aproximando, critica Moura.

Ele questiona a falta de clareza sobre os reais custos e benefícios econômicos da extração:

  • Quantos barris serão extraídos?
  • Qual será o preço médio?
  • Em quanto tempo se faria a transição com esses recursos?

Sem essas respostas, o projeto se torna ainda mais controverso.

O que está em jogo na disputa pelo petróleo amazônico?

A retomada da discussão sobre petróleo na Amazônia envolve uma série de fatores geopolíticos e ambientais:

  • Petróleo na Guiana Francesa pode gerar renda local, mas fere legislação ambiental francesa.
  • Brasil busca equilibrar interesses econômicos com sua imagem global de defensor da Amazônia.
  • Impactos socioambientais sobre comunidades tradicionais e ecossistemas frágeis permanecem subestimados.

A expectativa é que, nas próximas semanas, o Ibama defina o futuro da exploração na Foz do Amazonas. Enquanto isso, os debates seguem acalorados dos dois lados da fronteira.

Petróleo na Amazônia entre o progresso e a preservação

O caso do petróleo na Amazônia coloca Brasil e Guiana Francesa em rota de colisão com agendas ambientais globais. A promessa de crescimento econômico enfrenta os riscos de danos ambientais irreversíveis.

Em tempos de emergência climática, decisões como essas exigem transparência, consulta às comunidades afetadas e compromisso real com um futuro sustentável.

Com informações do RFI

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