A astronomia moderna tem nos presenteado com descobertas impressionantes sobre o universo, e uma delas parece ter saído diretamente de um filme de ficção científica: existe um planeta que orbita três estrelas ao mesmo tempo. O sistema em questão é chamado GW Ori e está localizado a cerca de 1.300 anos-luz da Terra, na constelação de Orion. Ele representa uma nova fronteira no que conhecemos sobre formação planetária.
A ideia de um planeta circulando ao redor de três sóis simultaneamente é fascinante por si só. No entanto, o que realmente intriga os cientistas é como esse sistema desafia todos os modelos convencionais de formação de planetas.
O que é o sistema GW Ori?
GW Ori é um sistema estelar triplo composto por três sóis que orbitam entre si de maneira complexa. Duas das estrelas formam um par binário mais próximo, enquanto a terceira estrela orbita esse par a uma distância maior. Ao redor dessas estrelas, existe um disco massivo de gás e poeira, dividido em anéis e inclinado em relação ao plano das estrelas — o que sugere que há ali, possivelmente, um planeta em formação ou já formado que influencia diretamente essa estrutura.
A grande surpresa é que esse planeta, ou até mais de um, poderia estar orbitando todas as três estrelas, algo que se pensava ser instável demais para ocorrer naturalmente. Esse disco tem características únicas: sua divisão interna sugere que um objeto massivo está limpando uma região, o que reforça a teoria da existência de um planeta gigante.
Como um planeta sobrevive orbitando três sóis?
Até pouco tempo atrás, cientistas acreditavam que sistemas com mais de uma estrela seriam ambientes caóticos demais para que um planeta pudesse se formar e manter uma órbita estável. A interação gravitacional intensa entre as estrelas causaria perturbações suficientes para ejetar qualquer planeta do sistema ou impedir sua formação.
Mas o GW Ori mostra que o universo é mais flexível do que imaginávamos. Se realmente houver um planeta ali, ele estaria orbitando as três estrelas como um conjunto. Isso é possível porque o centro de massa do sistema forma uma referência gravitacional estável o suficiente para manter o planeta em uma trajetória equilibrada.

O que veríamos da superfície desse planeta?
Se fosse possível estar na superfície desse planeta — ainda não confirmado visualmente, mas com fortes evidências de existência —, o céu seria um espetáculo surreal. Imagine:
- O nascer e o pôr do sol acontecendo com três estrelas diferentes, em momentos distintos.
- Fases do dia com três sombras sobrepostas.
- Períodos longos de luz constante, com duas ou até todas as estrelas visíveis ao mesmo tempo.
- Alternância entre luz quente e fria, dependendo da posição de cada estrela.
Esse ambiente poderia causar efeitos climáticos extremos e uma dinâmica atmosférica jamais vista. A vida como conhecemos seria improvável, mas não impossível, já que formas de vida podem surgir mesmo em condições bastante diferentes das da Terra.
Por que essa descoberta é tão importante?
O planeta de GW Ori, se confirmado, pode mudar a forma como procuramos mundos habitáveis no universo. Hoje, grande parte dos esforços em busca de exoplanetas se concentra em sistemas semelhantes ao nosso: uma estrela com planetas ao redor.
Porém, se planetas puderem se formar e permanecer estáveis até mesmo em sistemas triplos como o GW Ori, isso expande enormemente a quantidade de ambientes possíveis para vida. Estimativas indicam que cerca de metade das estrelas da Via Láctea fazem parte de sistemas múltiplos — e se muitos deles puderem hospedar planetas, o número de mundos candidatos à vida cresce exponencialmente.
Da ficção à realidade
Sistemas como o de GW Ori eram, até recentemente, considerados coisas de ficção científica. Filmes e séries exploravam a ideia de planetas com múltiplos sóis como um recurso visual ou narrativo. Mas agora, a ciência mostra que isso pode ser real — e mais comum do que pensamos.
A ficção inspirou a ciência, e agora a ciência devolve o favor, provando que o universo é ainda mais criativo do que imaginávamos.
Crédito: Link de origem