Ex-ministro guineense pede vigilância para combater redes criminosas nas Bijagós

O arquipélago das Bijagós, composto por 88 ilhas, 20 das quais habitadas, é considerado um tesouro natural pela biodiversidade, que o Estado guineense candidatou a património da Humanidade.

O isolamento e o difícil acesso tornam estas ilhas no Atlântico vulneráveis a redes criminosas ligadas à emigração clandestina, tráfico de droga e prostituição, como reconhecem as autoridades locais.

Francisco Conduto de Pina, deputado da coligação PAI-Terra Ranka e antigo ministro em vários governos guineenses, disse hoje à Lusa que o que acontece nas Bijagós, arquipélago de onde é natural, “é de se lamentar”, sobretudo devido à “vulnerabilidade total das ilhas”.

Como soluções para estancar a utilização das Bijagós como “ponto de emigração clandestina, prostituição e tráfico de drogas”, o político defendeu o aumento da vigilância costeira nas 88 ilhas através de “um reforço maciço da polícia” e ainda por meios eletrónicos.

“Atualmente há GPS, há o infravermelho para detetar embarcações em movimentos. É preciso uma aposta forte na vigilância e fiscalização”, referiu o deputado, um dos impulsionadores da ideia da autonomia financeira e administrativa do arquipélago das Bijagós.

A ideia tem estado em discussão, mas o também poeta Conduto de Pina disse acreditar que “a autonomia poderia ajudar a reduzir em 75% a utilização das ilhas Bijagós como ponto de partida da emigração clandestina” para a Europa.

O antigo ministro falava à Lusa no dia em que foi anunciado que a brigada da Guarda Costeira da Guarda Nacional da Guiné-Bissau intercetou 74 pessoas que tentavam emigrar clandestinamente para Espanha.

“Essas pessoas, originárias da Guiné-Conacri, Gâmbia e Senegal, e algumas da Guiné-Bissau, foram intercetadas na ilha de Caravela”, explicou à Lusa o delegado da Polícia de Ordem Pública (POP), Rui Djassi, residente em Bubaque.

De acordo com o responsável que coordena a atividade da POP nas ilhas Bijagós, algumas dessas pessoas estrangeiras estavam munidas de documentação da Guiné-Bissau, mas “nem sabiam falar o crioulo” guineense.

As 76 pessoas intercetadas na ilha de Caravela foram transferidas para Bissau, onde aguardam, numa prisão da Guarda Nacional, por procedimentos judiciais, por tentativa de emigração clandestina e associação criminosa, de acordo com fonte da corporação.

O delegado da POP nas ilhas Bijagós afirmou que nos interrogatórios preliminares ficou-se a saber que as 76 pessoas tinham como destino chegar à ilha espanhola de Canárias.

“É uma atividade normal nestas ilhas”, observou Rui Djassi, apontando para uma intercetação efetuada pela POP em novembro de 2023, desta feita na ilha de Bolama, concretamente na zona de São João.

Nessa operação, disse Djassi, a POP intercetou 36 pessoas que também tentavam chegar a Espanha numa embarcação.

“Essa gente toda conta com redes de apoio de emigração clandestina a partir do continente”, sublinhou o delegado da POP, apontando para a vulnerabilidade das ilhas Bijagós como outro fator para tentativas de emigração clandestina.

 

MB (HFI) // MLL

Lusa/Fim

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