Ex-conselheiros da Casa Branca veem risco de sanções ao Brasil

Ex-conselheiros da Casa Branca alertam que a classificação do PCC e de outros grupos criminosos como terroristas poderia abrir um caminho para eventuais sanções contra o Brasil por parte dos EUA.

Nas últimas semanas, delegações americanas têm insistido sobre a necessidade de que o crime organizado no Brasil receba a classificação de “terrorismo”, proposta rejeitada pelo governo Lula. Já alguns expoentes do bolsonarismo vêm defendendo a ideia do governo de Donald Trump.

Nesta quinta-feira, porém, ex-membros do Executivo americano em governos democratas apontaram que a medida, caso seja aceita pelo Brasil, teria um impacto profundo nas relações entre os dois países.

As declarações foram feitas em São Paulo, no 2º Seminário Internacional sobre Segurança Pública, Direitos Humanos e Democracia, organizado pelo IREE (Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa) e o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa).

Um dos alertas vem de Nicholas Zimmerman, que atuou como conselheiro sênior do embaixador dos EUA nas Nações Unidas, no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, como diretor para o Brasil e o Cone Sul e como assistente especial no gabinete do subsecretário de Defesa.

“Se o governo brasileiro eventualmente mudar de posição, em termos de política, isso poderia trazer benefícios de curto prazo, já que seria uma atitude que seria bem recebida pelo atual governo em Washington. Mas sou cético”, disse.

“Esse benefício de curto prazo não resultaria em mudanças reais no combate ao crime”, apontou.

“Temo que, no médio prazo, as relações políticas ficariam ainda mais complexas e difíceis”, disse. Segundo ele, essa mudança alteraria o regime de cooperação entre os dois países.

Sua avaliação é de que, sob novas regras, novas exigências de controles também seriam estabelecidas.

Zimmerman lembra que grupos criminosos no Brasil estão “cada vez mais infiltrados na economia nacional”

“Poderemos começar a ver fundamentos para sanções”, alertou.

“As políticas de sanções dos EUA são claras e isso não parece ser uma receita para uma cooperação mais próxima”, disse o ex-conselheiro, que é sócio fundador da Dinâmica Américas.

Ricardo Zúñiga, ex-secretário do Departamento de Estado dos EUA e ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, também fez seu alerta.

O americano destacou que o país tem uma estrutura legal para lutar contra crime organizado e que classificá-los como “terroristas” é um gesto que deve ser entendido dentro do contexto da política de imigração de Trump.

“A consequência dessa classificação é que uma organização deixar de ser criminosa e passa a ser terrorista, o que é um regime totalmente diferente. Isso tem um impacto em empresas, instituições e pessoas físicas”, afirmou. “Isso altera totalmente”, insistiu.

Armas

Zúñiga, que foi cônsul americano em São Paulo, contou como, durante sua estadia no país, recebia informações de que mais da metade das armas usadas nos homicídios no Brasil vinham dos EUA.

“O fluxo de armas para o sul é um dos principais produtos que financiam grupos nos EUA”, disse. De acordo com ele, a mudança da classificação do PCC para um grupo terrorista também teria um impacto nesse fornecimento de armas. “Antes, seria um crime. Agora, seria o apoio ao terrorismo”, alertou. “A mudança é profunda”, destacou.


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