Euro está próximo dos R$ 6. É hora de transferir dinheiro para Portugal? | Finanças

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As cotações do euro, tanto no câmbio comercial quanto no turismo — mais usado para as remessas de recursos por pessoas físicas — estão próximas dos R$ 6. Na média, o euro comercial está valendo R$ 6,15 e o euro turismo, R$ 6,41. Esses valores, na avaliação de especialistas ouvidos pelo PÚBLICO Brasil, favorecem aqueles que, neste momento, estão precisando enviar dinheiro do Brasil para Portugal. Há muita gente que mora no país europeu, mas a fonte de renda vem do Brasil. São os casos de aposentados e pensionistas, nômades digitais, executivos de empresas e profissionais liberais.

Na esteira de valorização do dólar no Brasil, por conta das dúvidas do mercado financeiro em relação à política fiscal do Governo Lula e do que seria o Governo de Donald Trump à frente dos Estados Unidos, o euro começou a subir na última quinzena de novembro do ano passado. A moeda chegou a encostar nos R$ 7 no câmbio turismo, deixando muita gente preocupada. Mas, da virada de 2024 para 2025, as cotações passaram a cair, devido ao forte aumento das taxas de juros no Brasil, que chegaram a 14,25% ao ano, o patamar mais elevado desde outubro de 2016, e à política errática de Trump em relação às tarifas comerciais.

Para o professor de Finanças Ricardo Rocha, da escola de Negócios Insper, com o euro próximo de R$ 6, vale a pena fazer remessas para Portugal, uma vez que não se espera que a divisa rompa esse piso nos próximos meses. A última vez que o euro comercial caiu abaixo de R$ 6 foi em meados de fevereiro deste ano: no dia 20 daquele mês, a moeda foi negociada a R$ 5,98. “Olhando para esse histórico, pode-se dizer que o momento é favorável às remessas, sempre, é claro, pesquisando as taxas cobradas pelas instituições financeiras para realizar as operações, que variam muito”, indica, lembrando que, em dezembro último, quando esteve em Portugal de férias, arcou com uma cotação do euro de R$ 7 no cartão de crédito.

A ressalva do professor é importante, porque há instituições financeiras que cobram um percentual sobre o valor remetido, outras cobram um valor fixo em reais e há aquelas que não cobram nada, dependendo da relação que mantêm com o cliente. Além disso, há o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,1%, incidente nas transferências de mesma titularidade, ou seja, a pessoa que está enviando recursos do Brasil é a mesma que receberá em Portugal.

Prudência e incertezas

Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, no quadro atual, com o euro se aproximando dos R$ 6, cada pessoa deve avaliar a necessidade de recursos em Portugal e se quer, por exemplo, remeter valores além do necessário para as despesas mensais para fazer uma poupança em moeda forte. “Se as intenções são proteção cambial e diversificação, enviar dinheiro para Portugal agora pode ser uma estratégia prudente, já que o real continua vulnerável a fatores externos, como as oscilações nos preços das commodities, a política monetária global e as incertezas fiscais internas”, detalha. O câmbio, sabe-se, é uma das variáveis mais imprevisíveis do mercado e pode mudar de direção rapidamente.

Ros não descarta a possibilidade de a cotação do euro no Brasil cair abaixo dos R$ 6, especialmente se o Banco Central elevar ainda mais a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação — no comunicado divulgado após a reunião desta quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom), foi sinalizado pelo menos mais um aumento em maio — e se o Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos, retomar os cortes nos juros. Essa combinação, no entender dele, poderia atrair mais dólares para o Brasil e fortalecer o real. Em contraponto a esse cenário mais favorável estão os riscos externos, como o protecionismo econômico de Trump e as dinâmicas do Banco Central Europeu (BCE) na condução da política de juros.

“Para quem deseja transferir recursos do Brasil para Portugal, uma abordagem estratégica pode ser o envio parcial e escalonado, aproveitando as variações do câmbio. Além disso, monitorar as políticas econômica e fiscal brasileiras é essencial, pois incertezas no cenário interno podem pressionar (e desvalorizar) o real novamente”, indica o CEO da Referência Capital. Para André Matos, CEO da MA7 Negócios, é preciso ficar bem atento ao comportamento dos mercados. “Eu, particularmente, não acredito que o euro fique abaixo dos R$ 6. A moeda está perdendo força no Brasil na esteira da desvalorização do dólar, que cai no mundo inteiro. Contudo, pode haver uma correção para cima”, afirma. As incertezas estão sempre no caminho.

Como já disse ao PÚBLICO Brasil o professor Marcelo de Souza Sobreira, da HB Escola de Negócios, “infelizmente, não há como prever a variação do câmbio, pois é como uma loteria”. Num dia, o mercado está tranquilo, no outro, totalmente estressado, e isso interfere nas cotações de todas as moedas, umas mais, outras menos. Sendo assim, recomenda ele, é preciso fazer um planejamento financeiro, sempre olhando o longo prazo. “O ideal é manter uma poupança em moeda forte, como o euro, para quem mora em Portugal.”

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