EUA lideram ranking global de soft power no esporte; em 9º, Brasil conta com poder espontâneo do futebol
Considerado tradicionalmente um ponto de união e congraçamento, o esporte é fator importante no chamado soft power, termo da política internacional que define a capacidade de um país de melhorar sua imagem e influenciar outros através de uma imagem positiva. O forte investimento recente de nações do Oriente Médio em megaeventos como Copa do Mundo ou aquisição de clubes chamou atenção para o tema. Um estudo divulgado ontem pelo SKEMA Publika, grupo de pesquisa independente de uma universidade em Paris, mostra que o ranking do soft power esportivo global segue dominado pelo país que mais influente do planeta: os Estados Unidos aparecem à frente de outras 54 nações.
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— Países de todo o mundo estão empregando o esporte para propósitos de soft power, à medida que aumenta a batalha global por corações e mentes. Futebol e basquete ressoam profundamente nas pessoas, assim como a realização de eventos esportivos, e a produção de conteúdo atraente nas redes sociais — diz o inglês Simon Chadwick, professor de Esportes e Geopolítica Econômica. — Ajuda as nações a construir sua influência, algo altamente valioso ao competir por negócios, tentar intermediar acordos diplomáticos, ou buscar promover a paz em tempos de conflito.
Longe de serem considerados potências no futebol, os EUA dominam muitos outros esportes, o que fica claro nos quadros de medalhas dos Jogos Olímpicos, e têm investido fortemente para receber grandes eventos. Em médio prazo, sediarão Mundial de Clubes (2025), Copa do Mundo (2026) e a Olimpíada de Los Angeles (2028). Sua liga de futebol, a Major League Soccer (MLS), também tem crescido ultimamente, atraindo nomes importantes como Lionel Messi e Luis Suárez.
O resto do top 10 tem uma maioria europeia, mas não uma hegemonia, apresentando países como China, Japão — únicos orientais —, Austrália e Brasil. Os chineses se colocam bem acima com altos investimentos em patrocínios, e tendo atletas olímpicos que se equiparam aos americanos.
Ranking global de soft power esportivo:
- Estados Unidos
- Reino Unido
- França
- China
- Alemanha
- Austrália
- Itália
- Espanha
- Brasil
- Japão
- Rússia
- África do Sul
- Canadá
- Argentina
- Catar
O Brasil não aparece como protagonista exatamente por ter um programa específico de soft power, mas muitos megaeventos foram realizados no país neste século, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio. Em 2027, o Brasil receberá a Copa do Mundo Feminina. O estudo aponta o poder espontâneo do futebol e a força que jogadores como Vinicius Junior e Marta possuem, sendo espécies de embaixadores da imagem nacional.
Sede da Copa do Mundo de 2022, o Catar (15º) é o primeiro país do Oriente Médio, seguido por Arábia Saudita (16º) e Emirados Árabes Unidos (21º). Em comum, todos investem alto em clubes da elite do futebol europeu, como o PSG, e têm atraído grandes eventos, para “limpar” a imagem de seus regimes moralmente questionáveis no Ocidente — o chamado sportswashing. Mesmo assim, têm longo caminho para se aproximarem do centro das discussões globais.
— O investimento que o Oriente Médio tem feito na realização de grandes eventos esportivos, e em clubes de futebol em outros países, serve exatamente como uma política que visa melhorar essa colocação — analisa José Francisco Manssur, sócio do escritório CSMV Advogados. — No caso brasileiro, a colocação se dá de forma espontânea, quase natural, visto que o país e suas entidades esportivas não realizam trabalho nesse sentido.
A SKEMA Publika destaca que a pesquisa é subjetiva e complexa, mas passou um ano entrevistando especialistas de todas as partes do mundo, utilizando critérios como tamanho da indústria esportiva, mercados de transmissão, histórico de sucesso no esporte, patrocinadores e parceiros comerciais, e presença nas redes sociais.
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