EUA e Guiana denunciam incursão naval venezuelana

Os Estados Unidos denunciaram neste sábado, 1, o que disseram ser navios venezuelanos a “ameaçar” uma unidade da ExxonMobil no território marítimo reivindicado pela Guiana.

A declaração foi feita horas depois de o Presidente da Guiana, Irfaan Ali, ter dito que um barco de patrulha venezuelano tinha entrado em águas “exclusivas” da Guiana por volta das 7 horas locais.

A Guiana “colocou os seus parceiros internacionais em alerta”, escreveu Ali no Facebook.

Os EUA alertaram contra qualquer nova invasão.

”Os navios venezuelanos que ameaçam a unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga (FPSO) da ExxonMobil são inaceitáveis e uma clara violação do território marítimo internacionalmente reconhecido da Guiana”, afirmou o comunicado do Bureau de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos EUA.

“Outras provocações resultarão em consequências para o regime de Maduro”, acrescentou a nota.

A Guiana e a Venezuela têm vivido tempos de tensões acrescidas sobre o controlo do disputado território de Essequibo, uma região extensa e rica em recursos naturais.

As tensões aumentaram em 2015, quando a gigante petrolífera ExxonMobil descobriu depósitos que deram à Guiana, um país com apenas 800 mil habitantes e com um pequeno exército, as maiores reservas de crude do mundo.

O Presidente do país, um aliado próximo dos EUA, disse no Facebook que os navios flutuantes de produção estavam a “operar legalmente dentro da zona económica exclusiva da Guiana”.

As forças armadas da Venezuela não comentaram.

Soldados feridos

As tensões aumentaram a 17 de fevereiro, quando a Guiana disse que seis dos seus soldados ficaram feridos quando um barco de mantimentos foi emboscado, alegadamente por membros de um gangue criminoso venezuelano.

O incidente aconteceu no aniversário da assinatura de um acordo de 1966 entre a Venezuela e a Grã-Bretanha, alcançado antes da independência da Guiana, que apelava a uma solução negociada para a disputa territorial.

Mas a Guiana insistiu que uma decisão de 1899 tinha fixado a seu favor a fronteira disputada.

Em dezembro passado, a Grã-Bretanha enviou o navio patrulha HMS Trent numa visita portuária à capital da Guiana, Georgetown, um gesto considerado comouma “provocação e ameaça do Reino Unido” pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Caracas lançou então um grande exercício militar na região fronteiriça, incluindo mais de 5.600 soldados, caças e barcos de patrulha.

Ali e Maduro reuniram-se em dezembro em São Vicente e Granadinas e concordaram em evitar qualquer uso da força.

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