Estudo revela a maior jornada humana da pré-história: 20 mil km do norte da Ásia até o sul da América
Publicado em
15/05/2025 às 20:04
Pesquisadores identificam uma jornada de 20 mil km realizada por antigos povos asiáticos até a Terra do Fogo, revelando impactos genéticos e reflexos na saúde moderna
Um estudo genômico internacional revelou que antigos povos asiáticos protagonizaram a mais longa migração pré-histórica já registrada. Segundo os dados, esses grupos percorreram mais de 20.000 quilômetros, desde o norte da Ásia até o extremo sul da América do Sul.
A pesquisa foi conduzida por 48 cientistas de 22 instituições e contou com o apoio do consórcio GenomeAsia100K. O grupo analisou o DNA de 1.537 indivíduos de 139 grupos etnicamente diversos. O objetivo era reconstruir as rotas migratórias da espécie humana.
A jornada começou na África e seguiu até a Terra do Fogo, na Argentina. Essa região é considerada o ponto final da expansão humana pelo planeta. Com base nos dados, os primeiros migrantes chegaram ao extremo norte da América do Sul há cerca de 14 mil anos, na área entre o atual Panamá e a Colômbia.
Redução genética e imunidade
De acordo com Kim Hie Lim, um dos autores do estudo, esses migrantes levavam apenas uma parte do material genético de suas populações de origem. Isso resultou em uma diversidade genética reduzida, especialmente nos genes relacionados ao sistema imunológico.
Essa menor diversidade pode ter deixado comunidades indígenas mais vulneráveis a doenças trazidas por imigrantes posteriores, como os colonizadores europeus. Segundo os pesquisadores, entender essa dinâmica ajuda a compreender melhor como a genética influencia a saúde humana.
Metodologia de ponta
Para chegar a essas conclusões, os cientistas usaram tecnologia de sequenciamento genômico de alta resolução. Com isso, foi possível identificar marcadores genéticos transmitidos por gerações.
Esses padrões revelaram o momento das divergências populacionais e como as comunidades se adaptaram a ambientes variados.
A primeira autora do estudo, Elena Gusareva, destacou a capacidade de adaptação desses grupos: “Nossas descobertas destacam a extraordinária adaptabilidade dos primeiros e diversos grupos indígenas que se estabeleceram com sucesso em ambientes extremamente diferentes.”
Ela ressaltou que a tecnologia usada permitiu “desvendar a história profunda da migração humana e as pegadas genéticas deixadas pelos primeiros colonizadores”.
Revisão da diversidade genômica
O estudo também desafiou uma antiga suposição: a de que os europeus teriam a maior diversidade genética. Stephan Schuster, autor sênior da pesquisa, afirmou que os dados mostram o contrário.
“Nosso estudo mostra que uma maior diversidade de genomas humanos é encontrada em populações asiáticas, não europeias , como se supõe há muito tempo devido ao viés de amostragem em projetos de sequenciamento de genoma em larga escala”, explicou Schuster.
Segundo ele, esse resultado reformula a compreensão dos movimentos populacionais históricos e reforça a importância de incluir mais populações asiáticas nos estudos genéticos.
Reflexos na saúde e na ciência
A pesquisa também tem impacto na área da saúde. Ao entender como migração, isolamento e adaptação moldaram a genética humana, cientistas podem refinar políticas públicas de saúde e melhorar estratégias de medicina personalizada.
Para os autores, essa análise genômica não só revela detalhes da vida pré-histórica, como também ajuda a orientar o futuro da ciência e da medicina.
Com informações de Interesting Engineering.
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