Estudantes brasileiros de medicina no Paraguai movimentam a economia na fronteira – GDia

A presença de estudantes brasileiros em universidades paraguaias, especialmente nos cursos de Medicina, se transformou em um fenômeno de impacto econômico direto na região de fronteira. Estimativas apontam que apenas no departamento de Alto Paraná, onde está Ciudad del Este, mais de 20 mil estudantes do Brasil injetam mensalmente cerca de US$ 22 milhões (R$ 126 milhões) na economia local. Em um ano, o valor ultrapassa os US$ 264 milhões (R$ 1,52 bilhão).

A cifra considera gastos com moradia, alimentação, transporte, lazer, compras e outros serviços. De acordo com levantamento da Universidade Três Fronteiras (Uninter), apenas 20% das despesas dos estudantes são direcionadas às mensalidades universitárias. Os 80% restantes se distribuem por setores diversos, promovendo um ciclo contínuo de consumo nas cidades da fronteira.

“O curso aqui é mais acessível, mas eles (os brasileiros) não vêm apenas pelo preço, e sim pela qualidade, pelo alto percentual de aprovação dos nossos egressos no Revalida e também porque encontram aqui uma formação médica de excelência”, defende a reitora da Uninter, Dra. Natalia Duarte, em entrevista ao jornal paraguaio Diario Vanguardia.

 

Alta concentração

Atualmente, segundo o vice-ministro do Ensino Superior do Paraguai e presidente do Conselho Nacional de Educação Superior (Cones), Federico Mora, há mais de 35 mil brasileiros matriculados em cursos de medicina no país. Mais de 22 mil deles estudam na região do Alto Paraná — especialmente em Ciudad del Este e Presidente Franco. Outras cidades com forte presença de brasileiros são Pedro Juan Caballero (mais de 7 mil estudantes) e Assunção, com pouco mais de 3 mil.

A principal razão para essa migração educacional está nos obstáculos enfrentados no Brasil. “No país vizinho, há uma escassez de um milhão de médicos e não há vagas suficientes para treinamento. Além disso, o curso é 10 vezes mais caro no Brasil, então muitos estudantes optam por vir para cá em massa”, afirmou Mora.

 

Formação em expansão

O número de médicos formados nas universidades paraguaias também cresceu exponencialmente. “Há dez anos, cerca de 600 alunos concluíam os cursos por ano. Hoje, esse número já ultrapassa 6 mil”, detalhou o vice-ministro.

A maioria desses profissionais retorna ao Brasil após a graduação, onde precisa ser aprovado no Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos). Fontes acadêmicas ouvidas pela imprensa paraguaia indicam uma alta taxa de aprovação entre os egressos das universidades da fronteira. Ao reingressarem no mercado de trabalho brasileiro, esses médicos costumam obter remuneração entre R$ 10 mil e R$ 20 mil mensais,  bem acima do salário médio da categoria no Paraguai.

 

Regulação e desafios

Com o crescimento do número de brasileiros matriculados, o governo paraguaio admite preocupações com a infraestrutura oferecida. “Precisamos nos concentrar mais em melhorar a qualidade dos programas existentes, principalmente no que diz respeito à oferta de vagas para estágios e à presença de docentes qualificados”, destacou Mora.

O Ministério da Educação paraguaio também informou que não há planos de autorizar novas faculdades de Medicina. Segundo o governo, a prioridade agora é regular a qualidade dos cursos já em funcionamento.

Mais de 20 mil estudantes brasileiros gastam cerca de US$ 22 milhões por mês em Alto Paraná; curso no país vizinho custa até 10 vezes menos que no Brasil

 

  • Da redação
  • Foto: divulgação

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