“Este Governo vai cair”. Pelo menos sete mortos em protestos contra reeleição de Maduro na Venezuela
Segundo o grupo de ativistas pelos Direitos Humanos Foro Penal, especializado em prisioneiros políticos, pelo menos 46 pessoas foram detidas nas manifestações por toda a nação.
As sete mortes foram confirmadas por fontes independentes, avançou esta terça-feira o jornal espanhol El Mundo.
As forças de segurança têm lançado gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar as multidões em protesto. “Liberdade” e “este Governo vai cair” são algumas das frases gritadas pelos manifestantes.
Para além de arrancarem cartazes de Nicolás Maduro das paredes das ruas do país, em pelo menos dois locais foram derrubadas estátuas de Hugo Chávez, o antecessor de Maduro que foi também o rosto de um regime autoritário por mais de uma década.
Foram registados protestos até em zonas pobres de Caracas que até agora tinham sido tendencialmente a favor do Governo socialista de Maduro. Nalgumas dessas áreas, foram ouvidos disparos.“Vou lutar pela democracia do meu país. Roubaram-nos as eleições”,
lamentou um manifestante. “Precisamos de continuar a lutar pela
juventude”.
Numa transmissão em direto do palácio presidencial, o presidente reeleito afirmou que as suas forças estavam a agir contra “manifestantes violentos”. As Forças Armadas têm vindo a apoiar Maduro e não há sinais de que os seus líderes estejam a romper com o regime.
“Temos acompanhado todos os atos de violência promovidos pela extrema-direita. Posso dizer ao povo da Venezuela que estamos a agir“, declarou. “Já conhecemos este filme, por isso, mais uma vez, juntamente com a união civil, militar e policial, estamos a agir. Nós já sabemos como eles operam”.
O Observatório Venezuelano de Conflitos disse ter registado 187 protestos em 20 Estados até às 18h00 de segunda-feira (23h00 em Lisboa). “Foram reportados numerosos atos de repressão e violência levados a cabo por colectivos paramilitares e forças de segurança”, declarou a entidade.
Oposição garante que vitória é de Gonzalez Urrutia
As manifestações alastraram-se depois de, na noite de segunda-feira, o presidente ter participado numa reunião na qual o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) validou a sua reeleição para um terceiro mandato de seis anos.
Maduro ignorou, desta forma, as críticas e dúvidas internacionais e da oposição acerca da contagem dos votos, dizendo mesmo que a Venezuela estava a ser alvo de “um golpe de Estado” de natureza “fascista e contrarrevolucionária”.
Após o anúncio de Maduro, a líder da oposição, Maria Corina Machado, disse aos jornalistas que a análise aos registos da votação disponíveis até ao momento demonstrava claramente que o próximo presidente “será Edmundo Gonzalez Urrutia”.
Segundo Machado, as provas revelam uma vantagem “matematicamente irreversível” para Urrutia, com 6,27 milhões de votos contra apenas 2,75 milhões para Maduro.
Nas primeiras horas de segunda-feira, o CNE avançou que Maduro tinha arrecadado 51,2 por cento dos votos, contra os 44,2 por cento de Gonzalez Urrutia.
c/ agências
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