ENSINO – UMinho contribui para a reforma do ensino da Guiné-Bissau

Por toda a Guiné-Bissau, as salas de aula do 1.º ciclo enchem-se de novos manuais escolares para as crianças e de guias e materiais digitais para os professores. Ao fim de dez anos de trabalho, fala-se numa “revolução do ensino”, que trouxe inovação e currículos comuns às escolas daquele país africano.

A mudança deve-se ao projeto RECEB – Reforma Curricular do Ensino Básico da Guiné-Bissau, com suporte científico da Universidade do Minho. O projeto liderado pelo Ministério da Educação de Guiné-Bissau, através do Instituto Nacional para o Desenvolvimento da Educação, contou com o apoio do Banco Mundial, da UNICEF e da Fundação Calouste Gulbenkian, parceira da UMinho.

A iniciativa arrancou em 2015 com a elaboração do documento orientador da Reforma e dos programas das cinco disciplinas do 1.º ao 4.º anos de escolaridade, e, posteriormente, dos manuais para os alunos e dos guias para os professores. Seguiram-se diversas ações de formação e a experimentação faseada do novo currículo, que foi monitorizada no terreno e conduziu à revisão de alguns materiais antes da sua generalização a todo o país.

O sistema educativo guineense usava até aí materiais que mal tinham sido atualizados desde a independência, pelo que foi preciso desenvolver um plano de ação inclusivo, a pensar em todas as crianças guineenses, independentemente da sua condição, e visando a melhoria contínua e interativa do processo educativo.

A demora na finalização desta fase do projeto deveu-se às suas várias etapas, pois foi necessário conhecer o país, consultar programas locais, regionais, nacionais e de países vizinhos, além de considerar e adaptar as especificidades da realidade na produção de materiais didáticos. Por exemplo, na disciplina de Estudo do Meio Físico e Social, importava integrar a riqueza ambiental, geográfica, histórica, social e económica da Guiné-Bissau.

No caso de Educação para a Cidadania, importava preparar o/a estudante enquanto ser social e abordar temas como os direitos da criança e os direitos humanos, os valores positivos e a paz. No presente ano letivo, o novo currículo foi alargado a todas as escolas públicas no país, tendo cerca de seis mil professores recebido tablets com os materiais produzidos, incluindo em suporte de áudio e organizados numa aplicação offline, para usarem nas aulas.

O RECEB é protocolado desde a primeira hora com a Reitoria da UMinho. A equipa científica é coordenada pela professora Laurinda Leite e inclui cerca de 40 docentes do Instituto de Educação, da Escola de Ciências, da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas e do Instituto de Ciências Sociais.

O projeto foi cedo alargado ao 2.º ciclo do ensino básico, tendo sido elaborados, antes da pandemia, os programas e os conteúdos para os manuais e guias para as oito disciplinas que compõem o respetivo plano de estudos. Contudo, limitações orçamentais fizeram com que só agora fosse possível pensar em retomar o processo.

Mais recentemente, foram elaborados materiais para a educação pré-escolar (5 anos) e para a educação acelerada (uma inovação no país, destinada a quem não fez o 1.º e 2.º ciclo obrigatório na idade normal), que estão a ser testados em algumas pré-escolas e escolas de diversas regiões do país. Em paralelo, têm decorrido cursos de formação para educadores de infância e para professores daqueles ciclos e, também, para educadores de infância, pois o projeto envolve novas metodologias e novos conteúdos que constituem um desafio para quem os vai lecionar.

Na Guiné-Bissau, 45% da população adulta é analfabeta. Tal como a Fundação Calouste Gulbenkian e a UMinho, o Governo da Guiné-Bissau acredita que, com o RECEB, “o futuro do país vai melhorar” porque “investir em educação é investir em todos os setores da sociedade”.

 

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