Eleições em Moçambique: Maputo não vai destruir boletins de voto porque “manifestações já o fizeram”

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A Comissão Nacional de Eleições moçambicana agendou para 17 de janeiro a destruição dos boletins de voto das eleições gerais de 9 de outubro, passo previsto legalmente após concluído o processo eleitoral, fortemente contestado em 2024.

Carlos Equeio

Os boletins de voto das eleições moçambicanas de outubro têm de ser destruídos esta sexta-feira em todos os distritos do país, mas a deliberação da Comissão Nacional de Eleições não se cumprirá na cidade de Maputo, cujo armazém foi vandalizado.

“Não temos nada para destruir, porque o armazém foi destruído nas manifestações”, disse à Lusa Ana Chemane, presidente da Comissão de Eleições da Cidade de Maputo.

A destruição do armazém que tinha à guarda os boletins de voto das eleições gerais na cidade de Maputo deu-se nas manifestações violentas desencadeadas após a proclamação dos resultados das eleições gerais pelo Conselho Constitucional, em 23 de dezembro, protagonizadas por apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não os reconhece.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana agendou para 17 de janeiro a destruição dos boletins de voto das eleições gerais de 9 de outubro, passo previsto legalmente após concluído o processo eleitoral, fortemente contestado em 2024.

De acordo com a deliberação da CNE noticiada anteriormente pela Lusa, trata-se da “destruição dos boletins de voto validamente expressos, em branco, nulos, reclamados, protestados ou contra protestados colocados à guarda das Comissões de Eleições Distritais e de Cidade”, que terá lugar nas respetivas instalações.

“Perante representantes de candidatos, partidos políticos, coligações de partidos políticos, grupos de cidadãos eleitores proponentes, observadores, jornalistas e cidadãos eleitores em geral”, lê-se na deliberação.

Esta estabelece ainda que as Comissões Provinciais de Eleições “ficam responsabilizadas pelo cumprimento integral” desta resolução e “da uniformização da prática do ato, devendo enviar a informação” à CNE até 22 de janeiro.

Conselho Constitucional reconheceu irregularidades no processo eleitoral mas que “não influenciaram” resultado

As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais, em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

Estavam recenseados para estas eleições mais de 17,1 milhões de eleitores, tendo votado cerca de metade.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, tendo sido empossado no cargo esta quarta-feira, em Maputo.

“Proclama eleito Presidente da República de Moçambique o cidadão Daniel Francisco Chapo“, anunciou a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, ao fim de uma hora e meia de leitura do acórdão de proclamação, em que reconheceu irregularidades no processo eleitoral, mas que “não influenciaram” o resultado final.

De acordo com os resultados, Venâncio Mondlane registou 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e Lutero Simango 4,02%.

Enquanto decorria a leitura do acórdão de proclamação dos resultados, que também mantiveram a maioria da Frelimo no parlamento, já manifestantes, apoiantes de Venâncio Mondlane, contestavam na rua, com pneus em chamas, num cenário de caos que voltou a registar-se nos dias seguintes, também com saques, pilhagens e destruição de instituições públicas.

O armazém do Vítor Martins foi um dos espaços vandalizados durante os conflitos em Moçambique. Em entrevista à SIC, o português revelou que o espaço foi saqueado por cerca de 20 pessoas, mas que as autoridades conseguiram garantir que não houvesse um “saque total”.

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