El Salvador propõe à Venezuela trocar deportados por presos políticos | Venezuela

O Presidente salvadorenho propôs uma troca de prisioneiros com a Venezuela, sugerindo entregar venezuelanos deportados dos EUA, detidos em El Salvador, e receber “presos políticos” na Venezuela, incluindo de nacionalidade portuguesa.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, classificou como cínica a proposta e exigiu prova de vida dos migrantes detidos em El Salvador. Em comunicado, Saab, para quem o Presidente salvadorenho, Nayib Bukele, admitiu “manter sequestrados 252 venezuelanos”, pediu “de imediato a lista completa com a identificação” de todas estas pessoas, “o estatuto judicial” e “relatório médico de cada um”.

Numa publicação na rede social X na noite de domingo, dirigindo-se ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o Presidente de El Salvador propôs “um acordo humanitário que inclua o repatriamento de todos os 252 venezuelanos que foram deportados, em troca da libertação e entrega de um número idêntico dos milhares de presos políticos” detidos na Venezuela.

Nayib Bukele elenca uma série de nomes de familiares de figuras da oposição na Venezuela, como Rafael Tudares, genro de Edmundo González, e Corina Parisca de Machado, mãe de Maria Corina Machado, de jornalistas, como Roland Carreño, e de activistas, como Rocío San Miguel, detidos durante a repressão eleitoral do Governo no ano passado.

Nayib Bukele inclui também na lista “os quatro líderes políticos que procuraram asilo na embaixada da Argentina e outros presos políticos venezuelanos”, bem como “os quase 50 cidadãos detidos de outras nacionalidades: norte-americana, alemã, dominicana, argentina, boliviana, israelita, chilena, colombiana, equatoriana, espanhola, francesa, guianesa, neerlandesa, iraniana, italiana, libanesa, mexicana, peruana, porto-riquenha, ucraniana, uruguaia, portuguesa e checa”.

O luso-venezuelano Williams Dávila, o único cidadão português de dupla nacionalidade sob custódia das autoridades cuja identidade é conhecida, foi detido em 8 de Agosto de 2024, após as eleições presidenciais de Julho desse ano na Venezuela. Antigo governador de Mérida, Dávila, de 73 anos, foi detido na Plaza los Palos Grandes (leste de Caracas) por homens armados, após uma vigília pelos presos políticos, em que participaram centenas de pessoas.

Portugal, a União Europeia e a Organização de Estados Americanos e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos têm exigido a libertação do luso-venezuelano.

Bukele escreveu na publicação que “a única razão pela qual estão na prisão é por se terem oposto” a Maduro “e à sua fraude eleitoral”. O chefe de estado salvadorenho termina o texto referindo que o Ministério dos Negócios Estrangeiros de El Salvador “irá enviar correspondência formal” ao Governo venezuelano.

O Governo dos Estados Unidos chegou a um acordo com Nayib Bukele para enviar os imigrantes detidos nos Estados Unidos para o Centro de Confinamento de Terroristas (Cecot), uma prisão de alta segurança sobre a qual tem havido alegações de abusos dos Direitos Humanos. Como parte do acordo, cujos pormenores específicos não são conhecidos, Washington pagará a El Salvador seis milhões de dólares por ano para apoiar o sistema prisional daquele país centro-americano.

No total, os Estados Unidos enviaram mais de 200 imigrantes, na sua maioria venezuelanos, para esta prisão, acusando-os de pertencerem ao grupo criminoso transnacional Tren de Aragua. De acordo com uma análise publicada na semana passada pela Bloomberg, 90% dos mais de 200 homens que os Estados Unidos prenderam em El Salvador não têm registo criminal em solo norte-americano.

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