disputas por ilhas desabitadas, territórios flutuantes, acordos históricos e marcos geopolíticos que moldaram a América do Sul

Publicado em 06/04/2025 às 09:58

Já parou para pensar no quão imprevisíveis e surreais são as fronteiras do Brasil? Nosso país não só ocupa quase metade da América do Sul, com seus impressionantes 48% do território continental, como também faz fronteira com 10 dos 12 países sul-americanos.

E é exatamente aí que as coisas começam a ficar estranhas. De formações rochosas milenares divididas com a Venezuela à disputa de uma ilha desabitada com o Uruguai, as fronteiras brasileiras são um espetáculo à parte, e, muitas vezes, um verdadeiro enigma cartográfico.

O Brasil no centro do tabuleiro sul-americano

Entre os 12 países da América do Sul, apenas Chile e Equador não fazem fronteira com o Brasil. O segundo colocado nesse ranking de conexões é a Argentina, com “apenas” cinco vizinhos. Mas o título de país mais entrelaçado com seus pares vai além de mapas: ele dá origem a fenômenos diplomáticos, históricos e até geográficos que desafiam a lógica.

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No extremo norte, por exemplo, está o Monte Roraima, uma formação rochosa surreal em formato de mesa, localizada exatamente na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Já na tríplice fronteira com Bolívia e Paraguai, a coisa toma um rumo geopolítico: em 1903, o Brasil cedeu um pedaço de território à Bolívia para garantir à nação sem litoral o acesso ao Rio Paraguai, um detalhe que criou uma ponta triangular bizarra no mapa, hoje praticamente inutilizada por falta de infraestrutura boliviana.

Ilhas disputadas, rios que mudam países e relíquias do Império

No sul, o Brasil disputa com o Uruguai a posse de uma pequena ilha no Rio Quaraí desde o século XIX. O curioso é que ninguém mora lá, mas o valor simbólico é gigantesco. Um marco imperial brasileiro de 1862 ainda está fincado na ilha, como se o tempo tivesse congelado a disputa.

Já no ponto onde Brasil, Argentina e Paraguai se encontram, a famosa tríplice fronteira em Foz do Iguaçu, além de um dos maiores polos comerciais da América do Sul, existe também um pedaço de história esquecida: as Cataratas do Iguaçu, hoje um patrimônio brasileiro, já foram território paraguaio. Mas o Tratado de Madrid de 1750 e, mais tarde, a derrota do Paraguai na Guerra da Tríplice Aliança redesenharam essa realidade.

Heranças coloniais e fronteiras flutuantes

Do lado oriental do mapa, a Guiana Francesa ainda pertence à França, mantendo viva uma presença europeia na América do Sul. E não para por aí: no Maranhão, onde os franceses tentaram criar a “França Equinocial” em 1612, hoje está a base de Alcântara, um dos pontos mais estratégicos do mundo para lançamentos de foguetes, graças à proximidade com a linha do Equador.

Mais ao norte do continente, a fronteira entre Bolívia e Peru guarda um segredo aquático. No Lago Titicaca, ilhas flutuantes feitas de plantas aquáticas se movem com as correntes, confundindo autoridades e gerando tensões diplomáticas, pescadores já foram presos por “invasão” sem nem perceber que estavam cruzando uma fronteira invisível.

Quando quase houve guerra por causa de ilhas

Na parte mais austral da América do Sul, Chile e Argentina chegaram à beira de um conflito armado pela posse de ilhas no Canal de Beagle. Em 1977, a Rainha Elizabeth II decidiu que as ilhas seriam chilenas. A Argentina, sob regime militar, rejeitou a decisão e preparou uma invasão, só interrompida após intervenção do Papa João Paulo II, que mediou o Tratado de Paz e Amizade em 1984.

Galápagos e as fronteiras da evolução

Por fim, as Ilhas Galápagos, que pertencem ao Equador, são o capítulo final (e talvez mais fascinante) dessa jornada pelas fronteiras sul-americanas. A mil quilômetros da costa, o arquipélago vulcânico serviu de inspiração para a teoria da evolução de Darwin e é habitado por espécies que não existem em nenhum outro lugar do planeta.

E você? Já tinha ideia de que o Brasil é rodeado por tantas histórias bizarras e decisivas?

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