Dia da Saúde e Nutrição alerta para desafios da alimentação saudável em Curitiba

Hoje, 31 de março, o Brasil celebra o Dia da Saúde e Nutrição, um marco que reforça a importância dos hábitos saudáveis para a qualidade de vida da população. Em Curitiba, porém, a data acende um alerta para a preocupante situação da saúde nutricional dos moradores. Segundo dados de 2024 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), 118.615 pessoas atendidas pela Atenção Primária à Saúde (APS) na cidade estão acima do peso ideal. Entre elas, 38.791 (32,7%) apresentam sobrepeso, 26.311 (22,18%) sofrem com obesidade grau I e 11.579 (9,76%) têm obesidade grau II. As mulheres são as mais afetadas, totalizando 85.536 casos, enquanto os homens somam 33.079.

O crescimento desses índices reflete a urgência de políticas públicas voltadas à alimentação saudável e ao combate às doenças crônicas associadas à má nutrição, como, por exemplo, hipertensão, diabete e colesterol alto. Apesar da demanda crescente, Curitiba conta com apenas 65 nutricionistas na rede pública para atender uma população de 1,774 milhão de habitantes, o que compromete o acompanhamento nutricional e a oferta de ações educativas essenciais para a prevenção de doenças.

Desafios da alimentação saudável e políticas públicas
O cenário alimentar no Brasil é marcado por extremos: de um lado, o consumo excessivo de ultraprocessados ricos em gorduras trans, sal e açúcar; de outro, a insegurança alimentar impede que muitas famílias tenham acesso a uma alimentação equilibrada. Diante desse quadro, algumas iniciativas têm contribuído para avanços, como a restrição do uso de gordura trans industrial, as mudanças na rotulagem de alimentos e a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. No entanto, essas medidas ainda são insuficientes para garantir uma alimentação saudável para todos.

Em Curitiba, algumas políticas públicas voltadas para o acesso a alimentos frescos e naturais já existem, mas é preciso ir além, garantindo inclusive a descentralização para todos os bairros periféricos. Iniciativas como os Sacolões, que oferecem produtos a preços acessíveis, precisam ser ampliadas, assim como as Hortas Comunitárias Urbanas, que incentivam a produção local e o consumo de alimentos mais saudáveis. Além disso, a valorização das feiras livres é essencial para garantir o acesso a frutas, legumes e verduras a preços justos.

No entanto, garantir a oferta de alimentos saudáveis não basta se a população não tiver acesso à informação para fazer boas escolhas alimentares. Por isso, a educação nutricional deve ser incorporada de forma mais efetiva às políticas públicas, promovendo conhecimento sobre alimentação e qualidade de vida. Campanhas educativas, programas de reeducação alimentar e incentivo à prática esportiva são estratégias fundamentais para reduzir os índices de obesidade e doenças crônicas.

Além da conscientização, para reverter esse quadro, é essencial expandir a oferta de modalidades esportivas e também a ampliação de equipamentos públicos, como praças equipadas, academias ao ar livre e centros de atividades físicas acessíveis. Além disso, a presença de profissionais qualificados para orientar essas práticas pode incentivar a população a adotar um estilo de vida mais ativo, reduzindo os impactos da obesidade e promovendo o bem-estar.

“O Dia da Saúde e Nutrição deve ser visto não apenas como um momento de conscientização individual, mas como um chamado à ação para o poder público mobilizar investimentos em prol de um futuro mais saudável para Curitiba e para o país. Sem políticas públicas eficazes e investimentos sólidos em profissionais e infraestrutura, os desafios persistirão, afetando a qualidade de vida e o bem-estar de milhares de pessoas. O combate à obesidade e à má nutrição exige ações estruturadas e contínuas, que garantam não apenas o acesso a alimentos saudáveis, mas também informação, atendimento qualificado e espaços adequados para a promoção da saúde”, afirma a direção do SISMUC.

Insegurança alimentar: avanços e desafios
Desde 2023, o Brasil registrou uma redução expressiva da insegurança alimentar severa. Segundo o Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (SOFI 2024), a fome caiu 85% no país em 2023, tirando 14,7 milhões de pessoas dessa condição. Em números absolutos, o total de brasileiros em insegurança alimentar severa despencou de 17,2 milhões em 2022 para 2,5 milhões em 2023, representando uma queda de 8% para 1,2% da população.

Apesar da melhora significativa, o Brasil ainda segue no Mapa da Fome, o que reforça a necessidade de políticas públicas contínuas para garantir que toda a população tenha acesso a alimentos de qualidade. A desigualdade na distribuição de alimentos e os impactos econômicos sobre as famílias mais vulneráveis continuam sendo desafios importantes a serem enfrentados.

 

Foto de capa: by freepik

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