DH Lab | Nano4fresh – Distribuição Hoje

Foi nos labirínticos corredores da Torre Sul do Instituto Superior Técnico que conhecemos Filipa Ribeiro, Professora catedrática em Engenharia Química e responsável pelo projeto Nano4Fresh. O projeto, que terminou no final do ano passado, foi o resultado de anos de investigação conjunta entre Portugal, Espanha, Marrocos e Itália.

No seu gabinete, rodeada por equipamentos de pesquisa, frascos de zeólitos e livros, Filipa Ribeiro explicou-nos a motivação por detrás do Nano4Fresh: combater o desperdício alimentar. “Uma das principais estratégias para prolongar a vida útil dos alimentos, mais precisamente das frutas climatérias, é o armazenamento refrigerado com atmosfera controlada”, esclarece a investigadora.

No entanto, apesar das condições que retardam a maturação, os frutas armazenadas nessas câmaras são expostos a gases produzidos no seu interior, como o etileno, um composto químico que acelera o amadurecimento das frutas e que muitas vezes acelera o processo de putrefação, obrigando a desperdício desnecessário.

O desafio do Etileno
O etileno é um gás natural produzido por frutas e vegetais durante o processo de maturação. Quando libertado no ambiente, estimula o amadurecimento acelerado das frutas à sua volta, levando à sua deterioração mais rápida. “Foi precisamente esse problema que quisemos resolver”, afirma Filipa Ribeiro.

A ideia do Nano4Fresh surgiu, assim, em 2018, fruto de uma colaboração com uma equipa espanhola. “Queríamos criar um projeto que combinasse as nossas áreas de especialização. A equipa espanhola trabalha com carvões e nós, em Portugal, especializamo-nos em zeólitos, materiais altamente porosos capazes de adsorver substâncias específicas”, explica a cientista.

Desenvolvido em consórcio com Marrocos e Itália também, o Nano4Fresh materializou-se num sistema prototipado que ‘ataca’ o etileno, na prática, capturando-o. E como? Através de Zeólitos, um material em tudo semelhante a minúsculos pellets que têm o poder de ‘limpar’ o etileno de camaras refrigeradas.

O poder dos Zeólitos
Mas como funciona esta inovação? “O que desenvolvemos foi um protótipo capaz de remover o etileno do ar no interior das câmaras de conservação, reduzindo drasticamente a sua concentração e, assim, atrasando o amadurecimento das frutas”, revela a investigadora.

O sistema criado pelo Nano4Fresh consiste num dispositivo que extrai o ar da câmara de refrigeração, faz a sua passagem através de um leito de zeólitos que captura o etileno e devolve o ar purificado ao ambiente interno. Este ciclo contínuo permite manter a fruta fresca por períodos significativamente mais longos.

DH Lab“A nossa tecnologia consegue reduzir os níveis de etileno em mais de 90%, o que significa que as frutas amadurecem muito mais lentamente – ou, idealmente, não amadurecem de todo até serem retiradas da câmara”, esclarece Filipa Ribeiro.

Este processo é, como nos explica a Professora Catedrática do IST, fundamental para a conservação de frutos climatéricos, como a banana, a maçã, a Pêra Rocha e o kiwi, que produzem grandes quantidades de etileno e, se não forem devidamente armazenados, acabam por acelerar o amadurecimento uns dos outros.


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