A Rádio Despertar afeta à UNITA continua a despedir trabalhadores num processo de restruturação que está, contudo, a dar origem a críticas ao maior partido da oposição em Angola, acusado de não respeitar os direitos dos trabalhadores, algo que o partido nega veementemente.
O segundo grupo de trabalhadores começou a receber a sua compensação nesta quarta-feira, 5, mas os afetados falam de compensações não justas e lamentam a não existência de um núcleo sindical para acompanhar a situação.
Sebastião Numa, que encabeça a lista dos trabalhadores a serem despedidos, diz que além do impedimento de criação de um núcleo sindical, existem injustas indemnizações para os trabalhadores despedidos.
“Isto tudo revela a conveniência da própria direção do partido (UNITA), o que nos leva a considerar ser o próprio partido que está até a dar essas indemnizações magras e ilegais”, disse, afirmando que quem tem 11 anos de serviço e estão a oferecer-lhe 800 mil kwanzas”.
“E se quiser receber, quem teve 7 anos de serviço, está a oferecer 300 mil Kwanzas”, acrescentou.
Para Numa, “é uma demagogia enorme que esta direção, pertencente à Rádio Despertar, dirigida pelo Horácio dos Reis, está a cometer”.
“O processo de despedimento em curso está muito mal produzido. A esse respeito, os nossos advogados estão a trabalhar no sentido de contrapor as alegações da Rádio Despertar, e a não despedir”, concluiu Sebastião Numa.
Sem gravar entrevista, Horácio dos Reis, diretor do órgão, negou as acusações e diz ser imperioso o despedimento dos profissionais e a consecutiva restruturação da emissora, mas com base na lei, adiantando que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), acompanha o processo.
Pedro Miguel, secretário-geral do SJA, confirmou o acompanhamento deste processo e deu nota positiva ao processo de reestruturação da Rádio Despertar.
“Pelo menos aquilo que eles mostraram nos mapas, pelo menos aquilo que eles mostraram, a Rádio Despertar está sim a cumprir”, afirmou Miguel.
O sindicalista acrescentou que a emissora aumentou substancialmente o número de trabalhadores , pois teve “uma projecção inicial para 18, 20 funcionários,e hoje a Rádio Despertar tem aproximadamente quase 70 trabalhadores”.
“Outra coisa que seria bom tomar nota. Os colegas que estão a ser dispensados no caso da Rádio Despertar, também não contactaram o sindicato. E por quê não contactaram o sindicato? Porque eles não são filiados ao sindicato. A lei sindical é bem clara nesse aspecto”, disse garantindo a criação no próximos dias de um núcleo sindical da emissora.
O analista politico Rui Kandov chama atenção para o possível autoritarismo partidário.
“ A UNITA de Adalberto Costa Júnior tem de tomar atenção a esse conjunto de reclamações, porque vai-se consolidando a ideia de que estamos diante de um autoritarismo partidário”, afirma Kandov.
Outro analista político Mabanza Kambaca diz esperar não ser verdade as informações divulgadas pelos trabalhaores “porque a ser verdade, estaríamos aqui numa situação de uma grave violação, inclusive da ética a que um partido deve guiar a sua ação, pois configuraria aqui uma intromissão na vida particular de uma empresa como é a Rádio Despertar”.
Já a UNITA, na voz do seu secretário para comunicação e marketing, Evaldo Evangelista, reagiu dizendo que mesmo tendo a Rádio Despertar instalações pertencentes a UNITA/SOVISMO, o partido nada tem a ver com os despedimentos e refutou as acusações que a UNITA estava neste caso a comportar-se de forma autoritária tal como o partido no poder, o MPLA.
“A UNITA nunca, mas nunca vai se portar como o MPLA É preciso esclarecer bem porque há mesmo uma grande diferença. Nós temos que respeitar a lei. Aquilo que a lei diz é o que nós temos que fazer, enquanto que o nosso adversário direto não faz”, concluiu o porta voz da UNITA.
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