Desmantelada rede de fraude de cartões SIM em Moçambique. Há 28 detidos

“Até ao momento, 28 indivíduos foram detidos para interrogatório, e a investigação prossegue, aguardando resolução”, lê-se no comunicado divulgado hoje pela operadora, dando conta que a sua equipa de Fraude Forense desmantelou esta “rede de agentes de registo de contas e venda fraudulenta” de cartões na província de Nampula.

“A operação foi o resultado das atividades de monitorização e investigação de anti-branqueamento de capitais e combate ao financiamento do Terrorismo levadas a cabo pela Vodafone M-Pesa”, acrescenta.

A operadora, que detém a maior carteira digital do país — cujas transações funcionam apenas com recurso a telemóveis e respetivo cartão SIM – referiu que detetou em fevereiro “a existência de um número significativo de contas abertas mediante a adulteração de documentos de identificação nas Zonas de Alto Risco (Região Norte)”, a que se seguiu um “processo de investigação aprofundado que permitiu identificar agentes de registo envolvidos em atividades fraudulentas”.

“A fraude era realizada através do uso de um único documento de identificação por vários agentes, que procediam à criação de vários registos com base nesse mesmo documento”, explica-se ainda.

Referiu igualmente que “os bairros de Namicopo e Carrupeia, na cidade de Nampula, foram identificados como focos principais desta prática ilícita”.

Após a identificação dos envolvidos, o caso foi encaminhado para o Serviço de Investigação Criminal (Sernic) da província de Nampula, “onde foi desencadeada uma operação de campo ampliada, focada nos indivíduos com maior número de registos e maiores comissões, visando desvendar a fonte da fraude”.

As autoridades moçambicanas classificaram o setor das Instituições de Moeda Eletrónica (IME), que funciona através dos operadores de telecomunicações móveis, com um nível de ameaça “alto” no financiamento ao terrorismo, segundo relatório governamental divulgado em março pela Lusa.

“O nível de ameaça do setor de moeda eletrónica para o financiamento ao terrorismo no país é alto”, lê-se no Relatório da Avaliação Nacional dos Riscos de Financiamento do Terrorismo.

No documento reconhece-se também uma “movimentação excessiva de fundos para as zonas de ameaça terrorista ativa com recurso às instituições de moeda eletrónica” que operam em Moçambique, constatando estar “concentrado em zonas rurais e de acesso limitado a rede bancária nacional”.

“Por esta razão, há preferência de uso das instituições de moeda eletrónica, dada a facilidade do uso do serviço e rápida movimentação de fundos que proporciona. Estes fatores conjugados precipitam e tornam apetecível o abuso deste setor por parte de simpatizantes do terrorismo. Dada a existência de aglomerados populacionais que residem e desenvolvem atividades sociais, comerciais, entre outras, em regiões com ameaça terrorista ativa, possibilita que os terroristas e simpatizantes de terrorismo abusem dos serviços das instituições de moeda eletrónica para movimentação de fundos”, lê-se.

Em fevereiro, a Lusa noticiou que o número de agentes de IME em Moçambique, a garantir transferências, compras, levantamentos e depósitos através dos operadores de telecomunicações móveis, aumentaram 10,5% em três meses, para 224.704 em dezembro, cobrindo já todos os 154 distritos do país.

“No fim do ano 2021 e início de 2022, na província de Cabo Delgado, particularmente nas zonas rurais, as transações eram feitas maioritariamente em numerário e com recurso a carteiras móveis (moeda eletrónica), em face da inexistência de bancos a operar nestas zonas, sendo que os terroristas tinham neste sistema, dado ao fraco controlo, o mecanismo preferencial para movimentação de fundos canalizados por familiares, amigos, simpatizantes e outros e posteriormente levantado nos agentes por pessoas com laços de amizade e que mais tarde faziam a entrega em numerário para suas atividades terroristas”, aponta-se no relatório.

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