Passo Fundo está entre as cidades por onde passa a Rota Bioceânica Sul, trecho impulsionado pelo governo federal para conectar os portos brasileiros e chilenos — e, assim, reduzir custos com transporte e criar canal estratégico para a Ásia.
De norte a sul, são cinco rotas que ligam o Brasil com outros países latino-americanos, como Peru, Equador, Suriname e Venezuela (veja onde ficam abaixo).
O percurso que abrange Passo Fundo e outras cidades da metade norte, como Ijuí e Santa Rosa, é conhecido como Rota 5. Sai de Imbituba (SC), atravessa todo o norte e noroeste do Rio Grande do Sul, com conexões em Porto Alegre, Serra e Sul, segue pelo território da Argentina e Uruguai e termina nos portos chilenos de Iquique, Mejillones e Antofagasta.
Conforme o Ministério de Planejamento e Orçamento (MPO), a Rota 5 tem potencial para ampliar a exportação de insumos, alimentos, máquinas e bens de consumo final para a Argentina, Uruguai e Chile, além do mercado asiático. A ideia é que o corredor logístico promova o comércio de alimentos, agroindústria, energia, máquinas e equipamentos.
Por que isso importa: é mais uma evidência do papel estratégico do norte gaúcho no intercâmbio entre os países do Mercosul. Além de ser forte na produção de grãos, o governo federal destacou o “elevado potencial turístico” e a localização geográfica estratégica. Só no ano passado, mais de R$ 2,4 bilhões em cargas de São Paulo foram exportadas ao Chile e Argentina através de São Borja, por exemplo.
Como vai funcionar
O percurso é parte do programa Rotas de Integração Sul-Americana, que espera conectar o Brasil com os vizinhos latino-americanos. As cinco rotas são:
- Rota 1 — Ilha das Guianas: Brasil (Roraima, Amazonas e Amapá) Guiana Francesa, Suriname, Guiana e Venezuela
- Rota 2 — Amazônica: Brasil (Amazonas), Peru, Equador e Colômbia
- Rota 3 — Quadrante Rondon: Brasil (Acre, Pará, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Peru, Bolívia e Chile
- Rota 4 — Bioceânica de Capricórnio: Brasil (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina), Paraguai, Argentina e Chile
- Rota 5 — Bioceânica Sul: Brasil (Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Uruguai, Argentina e Chile.
Questionado pela coluna, o MPO informou que a Rota Bioceânica Sul é formada essencialmente por rodovias que já existem, mas que precisam de melhorias físicas e serviços. A pasta citou as BR-285, BR-290 e BR-116, além do Rio Uruguai.
Além disso, a região de Passo Fundo está contemplada com o estudo de nova concessão ferroviária da Malha Sul e novas pontes, incluindo entre Porto Xavier e San Javier, em Barra do Guarita e em Itapiranga (SC), na BR-163.
— A Rota 5 está em funcionamento, com obras de melhoria previstas. O governo do Estado tem sido escutado e atendido. Agora, consideramos fundamental envolver os municípios neste diálogo, para a consolidação de um projeto que é de longo prazo — escreveu o ministério.
Quanto vai custar
No caso da Rota 5, a estimativa de orçamento é de R$ 400 milhões, conforme o Novo PAC.
— Todas as iniciativas estão contempladas, como estudos ou como obras, no Novo PAC. Contam com recursos da Lei Orçamentária Anual (LOA) ou de concessões ao setor privado — disse o ministério.
Para viabilizar o lado estrangeiro das cinco rotas, o Brasil articulou US$ 10 bilhões em financiamentos junto ao BNDES, CAF, BID e Fonplata, voltados à infraestrutura rodoviária, ferroviária, portuária e aduaneira dos países vizinhos.
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