De Cuba ao Haiti, passando pelo Brasil: onde falta…

Se os trabalhadores da saúde são a espinha dorsal do sistema sanitário, como afirma Jarbas Barbosa, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), é crítico entender quem são eles, onde estão e o que conseguem fazer diante das estruturas de assistência atuais. Pois foi com esse objetivo em mente que a Opas realizou um levantamento sobre a oferta de profissionais de saúde nas Américas.

Uma das principais conclusões: embora o continente como um todo passe na prova superando a meta de médicos, enfermeiros e afins preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há discrepâncias regionais gritantes e urgentes.

Segundo o relatório, 14 dos 39 países das Américas do Sul, Central e do Norte não possuem profissionais o bastante para atender às necessidades de suas populações.

Se o cenário persistir, projeta a Opas, poderá haver um déficit de até 2 milhões de trabalhadores da saúde até 2030, sobretudo nos países que já sofrem com essa carência.

Onde faltam profissionais de saúde

A OMS recomenda que, com o intuito de assistir adequadamente a sociedade, haja cerca de 44,5 profissionais de saúde a cada 10 000 habitantes. Quando se pega o continente americano como um todo, de acordo com o balanço da Opas em cima de dados de 2017 a 2021, essa taxa é felizmente superada, com 66,5 trabalhadores a cada 10 000 cidadãos.

Ocorre que persistem desigualdades imensas entre as nações. A pior situação é a do Haiti, ainda refém de sucessivas convulsões políticas e sociais. São apenas 6,3 profissionais de saúde para 10 000 haitianos. Um índice absurdamente baixo.

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Honduras também apresenta uma taxa baixíssima, pouco mais de sete profissionais a cada 10 000 pessoas. Na América do Sul, a situação mais crítica é vivenciada pela Bolívia.

Os dados analisados contemplam diversas categorias de saúde, encabeçadas pela enfermagem e a medicina. Um ponto limitante é que diversos países não dispõem de informações fidedignas sobre outras áreas de atuação, a exemplo de psicólogos e parteiras.

No recorte focado em médicos, o quadro periclitante se reproduz. O Haiti dispõe de dois profissionais de medicina para 10 000 habitantes. E Honduras não passa de quatro. Na América do Sul, Suriname, Peru e Bolívia possuem o maior déficit.

Onde sobram profissionais de saúde

Cuba ocupa o primeiro lugar no ranking de maior densidade populacional de enfermeiros, médicos e companhia. São praticamente 170 profissionais de saúde para 10 000 cidadãos, quase quatro vezes mais que a meta da OMS. A ilha vem seguida logo de perto pelos Estados Unidos e a terceira colocação fica com o Canadá.

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A América do Norte, aliás, é a subregião que melhor se sai no estudo, com uma média de 147 trabalhadores a cada 10 000 habitantes. O pior índice é registrado na América Central. Paraguai e Uruguai são os países mais bem colocados na América do Sul.

No recorte por médicos, Cuba lidera em disparada com 94 doutores por 10 000 pessoas – não é à toa que o país exporta médicos. O Uruguai ocupa a segunda posição, com 45, e a pequena Trinidad e Tobago aparece na sequência com 41. A média nas Américas foi 23 médicos a cada 10 000 indivíduos.

+ LEIA TAMBÉM: Um raio X dos médicos no Brasil

E o Brasil no ranking?

Nosso país supera a meta da OMS e a média do continente no número de profissionais de saúde a cada 10 000 habitantes, beirando os 80 trabalhadores da área para esse montante de brasileiros. Sabe-se, contudo, que existem discrepâncias regionais.

Na avaliação por médicos, no entanto, ficamos abaixo da média das Américas (23), com pouco mais de 20 profissionais formados em medicina para 10 000 cidadãos.

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Confira o ranking geral com a densidade populacional de profissionais de saúde montado pela Opas:

(Gráfico: Opas/Reprodução)

 

E o ranking do número de médicos a cada 10 000 pessoas:

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(Gráfico: Opas/Reprodução)
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O diretor da entidade reforça a importância dos achados. “São dados concretos para orientar o investimento em formação e retenção de profissionais e condições dignas de trabalho, o que irá assegurar que a saúde chega a todos”, disse o brasileiro Jarbas Barbosa.  

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