A atividade física não deve ser considerada apenas como lazer, mas como uma necessidade fisiológica, assim como se alimentar ou dormir. A orientação é do médico clínico e cooperado da Unimed-BH, Último Libânio da Costa, que destaca o impacto positivo de hábitos simples – como praticar exercícios e manter uma alimentação equilibrada – na saúde física e mental.
Essa recomendação é reforçada por um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP – FMUSP) em parceria com a Harvard University. A pesquisa apontou que, anualmente, 114 mil casos de câncer (27% do total) e 63 mil mortes pela doença (34%) no Brasil poderiam ser evitados com a redução de cinco fatores de risco relacionados ao estilo de vida: tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física.
Último Libânio, que também preside a Sociedade Brasileira de Clínica Médica – Regional Minas Gerais, observa que a justificativa mais comum para a negligência com o autocuidado é a falta de tempo. “De fato, a vida está corrida para todos. Por isso mesmo, é fundamental estabelecer prioridades — e a saúde deve ser a principal delas. Uma estratégia eficaz para incorporar hábitos saudáveis à rotina é fazer mudanças graduais, um passo de cada vez, buscando motivação nos resultados obtidos. Assim, é mais fácil conquistar mais disposição física e mental para enfrentar os desafios do dia a dia”, explica.
Entre os principais hábitos recomendados pelo médico para uma vida saudável estão: praticar atividades físicas regularmente, adotar uma alimentação balanceada — priorizando alimentos naturais e evitando ultraprocessados, excesso de sal e açúcar —, manter-se hidratado, não fumar, evitar bebidas alcoólicas, manter uma rotina de sono de qualidade, equilibrar a vida pessoal e profissional, cultivar boas relações interpessoais, manter o bom humor e reservar momentos para meditação e autoconhecimento. “O autocuidado é essencial. Ter um passatempo prazeroso, como ler, assistir a um filme ou cozinhar, também contribui para a saúde e a qualidade de vida”, conclui o especialista.
Da infância à terceira idade
Na infância, garantir liberdade para brincar, criar e se desenvolver é essencial. Segundo o pediatra cooperado da Unimed-BH, Bruno Damião, hábitos saudáveis incluem sono adequado — dormindo ao anoitecer e acordando com o nascer do sol —, alimentação equilibrada com restrição de industrializados, prática de atividade física supervisionada ao menos três vezes por semana e acesso à educação de qualidade. “Crianças pequenas devem ter contato com espaços abertos que estimulem o movimento e a interação com o ambiente”, orienta.
O pediatra ressalta que, até pouco tempo, doenças crônicas antes associadas apenas a adultos, como hipertensão, diabetes e obesidade, estão cada vez mais presentes entre as crianças, reflexo de um estilo de vida pouco saudável. “A construção de hábitos saudáveis desde cedo permite que os pequenos se desenvolvam de forma plena e fiquem protegidos dessas doenças, que são resultado de agressões diárias ao organismo e que se acumulam ao longo do tempo”, explica.
Outro ponto de atenção destacado por Damião é a exposição das crianças à tecnologia. “Os próprios adultos já enfrentam dificuldades com o uso excessivo de dispositivos digitais. Nas crianças, esse impacto é ainda maior, já que elas não têm maturidade suficiente para filtrar o conteúdo e perceber o que é benéfico ou prejudicial”, alerta.
Entre os principais problemas associados à exposição precoce e excessiva às telas estão a dependência do mundo digital e os transtornos de saúde mental. “Crianças constantemente expostas podem apresentar irritabilidade, ansiedade, depressão, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade. Além disso, a luz azul emitida pelas telas interfere na produção de melatonina, prejudicando o sono”, observa o pediatra.
Os efeitos da superexposição digital vão além do emocional e, também, atingem a saúde física. Entre os transtornos alimentares associados ao uso excessivo de tecnologia estão o sobrepeso, a obesidade e, em alguns casos, distúrbios como anorexia e bulimia. “Isso acontece tanto pela inatividade física quanto pela influência de padrões estéticos irreais propagados nas redes, para os quais a criança ainda não tem preparo emocional”, destaca.
Damião também orienta sobre o tempo de tela recomendado para cada faixa etária. “Até os dois anos, o ideal é que não haja nenhum contato com telas. De dois a cinco anos, no máximo uma hora por dia, com supervisão. De seis a dez anos, até duas horas; e dos 11 aos 18 anos, no máximo três horas por dia. Para os adultos, o recomendado também é limitar o uso entre quatro e cinco horas diárias”, conclui.
Terceira idade
Na terceira idade, manter a autonomia e a qualidade de vida está diretamente ligado à preservação da saúde e da força muscular. Hábitos como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e sono adequado, desempenham um papel essencial na redução do risco de doenças cardiovasculares, câncer e transtornos mentais. Esses cuidados não apenas ajudam na prevenção de enfermidades, como também permitem que a pessoa idosa preserve sua independência por mais tempo, mantendo uma rotina ativa e com menos limitações.
Para a geriatra cooperada da Unimed-BH, Bárbara Correa, o convívio social é outro fator fundamental nesse processo. “Manter laços de amizade e sentir-se parte de um grupo contribui significativamente para a saúde mental e emocional, ajudando a envelhecer com mais qualidade de vida. O contato social fortalece o senso de pertencimento e propósito, elementos essenciais para um envelhecimento saudável. Além disso, previne doenças como depressão e ansiedade, e proporciona estímulos cognitivos que favorecem a preservação das funções cerebrais. Atividades em grupo — familiares, entre amigos ou na comunidade — promovem prazer, bem-estar e ajudam a evitar o isolamento e a solidão”, destaca.
Quando o assunto é atividade física, a médica — que também é preceptora da Residência Médica em Geriatria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) — explica que há três pilares fundamentais para a população idosa: treino aeróbico, fortalecimento muscular e exercícios de equilíbrio. Juntos, eles contribuem para a manutenção da funcionalidade, a prevenção de quedas e a promoção de um envelhecimento ativo. “Muitos idosos não foram habituados a esses cuidados ao longo da vida, o que torna a mudança de hábitos mais desafiadora. Alguns não percebem a necessidade dessas práticas e resistem a adotá-las. No entanto, insistir no início faz toda a diferença. À medida que os benefícios aparecem — como maior disposição e alívio de dores —, torna-se mais fácil manter a regularidade. Com apoio e pequenas adaptações, é possível alcançar um envelhecimento mais saudável e ativo”, conclui a especialista.
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