Coworkings em Portugal querem criar associação | Coworking

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Reunir os coworkings de Portugal para se apoiarem e poderem atuarem conjuntamente foi a proposta apresentada na reunião realizada na semana passada em Lisboa. Realizada na sede do coworking Eureka, a ideia da associação reproduz o que acontece no Brasil, onde já existe uma articulação entre esses espaços.

O objetivo é enfrentarem juntos os problemas do setor. “Faz sentido a colaboração entre os espaços. Juntar os coworkings vai fortalecer o mercado. Podemos influenciar o poder público na elaboração das leis que regem os espaços, trocar experiências e informações sobre questões fiscais”, conta Fanny Moral, do espaço Eureka, que organizou o encontro.

Ela propõe uma organização de coworkings semelhante à que existe no Brasil, com vários grupos de aplicativo de mensagens. Um deles é para proprietários ou administradores dos espaços, outro para questões do dia-a-dia e outro para discussão sobre fornecedores.

Exemplo de tema a ser debatido entre os proprietários é a questão dos impostos. “Precisamos entender como vai ser tributado e o que vai ser tributado. Há diferenças na parte legal em como abrir uma empresa em Portugal e no Brasil e, também, gostaríamos de trocar experiências sobre como gerir estando longe”, sugere Fanny, que mora no Brasil e vem três a quatro vezes por ano para Portugal.

Nas questões do dia a dia, Daniel Moral, marido e sócio de Fanny no Eureka, fala em ter uma boa relação entre os coworkings. “Faz sentido a colaboração entre os espaços. Se aparecer um cliente que quer dez posições de trabalho e eu não conseguir atender, posso passar para outros espaços. Isso faz o cliente confiar no nosso mercado”, diz.

Uma sugestão que Fanny trouxe do Brasil é trocar informações sobre clientes que são maus pagadores. “Se esteve no meu espaço e não pagou, é provável que busque outros espaços e faça a mesma coisa”, conclui.

No grupo para discutir fornecedores, a ideia é encontrar melhores condições e até os coworkings se associarem para compras, de forma a conseguirem negociar preços mais baixos.

Uma das propostas é fazer um censo dos espaços de coworking em Portugal. “É para saber o tamanho, o perfil, a localização, metragem, mapear que outros serviços vendem e a regionalidade dos serviços”, propõem Fanny.

Estudo

Na reunião esteve presente a professora Elisabete Tomaz, do ISCTE, que trabalha sobre o mercado de coworking em Portugal, responsável pela pesquisa Espaços alternativos de trabalho. “Os primeiros passos do coworking em Portugal esteviveram ligados às indústrias culturais e criativas. O primeiro espaço formal foi criado em 2008/9 na avenida da Liberdade, em Lisboa”, afirma.

Elisabete conta que o maior impacto no crescimento do coworking foi durante a pandemia de Covid. “A digitalização permitiu o trabalho remoto e ocorreu uma alteração das relações de trabalho”, recorda.

Ela relata que, com o final da pandemia e o retorno, em muitas empresas, ao trabalho presencial, muitos dos espaços de trabalho criados na periferia não tiveram condições financeiras para se manter. Os dados que levantou indicam que, em 2023, havia em Portugal 106 coworkings e, no ano seguinte, fecharam 26 e abriram dez novos.

A definição que Elisabete utiliza de coworking é um local de trabalho com algo mais do que a vertente imobiliária. “O fator distintivo dos coworkings é a constituição da comunidade. Não é só o imobiliário, mas o espaço deve envolver atividades que integrem os utilizadores. Pode ser ioga, um almoço um dia por semana, uma happy hour ou outras atividades”, explica.

Nos espaços em Portugal, ela vê um traço dominante. “A maior parte dos coworkings usa a sustentabilidade como diferenciador. Pode ser a gestão de resíduos, a reciclagem, a sustentabilidade social, como a diversidade ou a acessibilidade, ou mesmo atividades na área da mobilidade, como passeios de bicicleta”, acrescenta.

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