A Korea Aerospace Industries (KAI) tem pressionado o governo peruano para que avalie a inclusão do caça sul-coreano KF-21 Boramae no processo de aquisição de 24 aeronaves de combate pela Força Aérea do Peru (FAP). Atualmente, a FAP considera apenas três modelos: o SAAB 39 Gripen (Suécia), o Dassault Rafale F4 (França) e o F-16V Block 70 (EUA). Segundo fontes militares, o KF-21 foi excluído por não atender aos requisitos técnicos e operacionais definidos desde 2012.
Apesar disso, a KAI insiste que sua proposta seja considerada em igualdade de condições, conforme previsto nas normas de contratação do setor de defesa peruano. Em março, o vice-presidente da KAI, Donghak Shin, recebeu resposta do chefe do Estado-Maior da FAP, tenente-general Rubén Gambarini, informando que a fase de apresentação de propostas já havia sido concluída. Inconformado, Shin apelou ao ministro da Defesa do Peru, Walter Astudillo, questionando a ausência de uma convocação pública pela Agência de Compras das Forças Armadas (ACFFAA).
Em abril, o ministro sul-coreano da Administração do Programa de Aquisições de Defesa, Seok Jong-gun, enviou carta a Astudillo solicitando que o KF-21 participasse do processo de aquisição. Ele destacou o interesse do governo sul-coreano e da KAI em uma negociação de governo a governo, oferecendo um pacote completo que inclui suporte logístico, treinamento e programas de desenvolvimento industrial.
Durante a feira de defesa LAAD 2025, realizada no Brasil, Gambarini reafirmou a exclusão do KF-21, alegando que estudos técnicos de uma década sustentam a decisão da FAP. Na mesma ocasião, foi exibida uma maquete do Gripen, um dos modelos em avaliação. Coincidentemente, o governo sueco solicitou ao seu parlamento autorização para negociar a venda de 12 caças Gripen ao Peru, alinhando-se ao plano peruano de aquisição em duas fases.
A KAI propôs a venda de 24 unidades do KF-21 por US$ 100 milhões cada, totalizando US$ 2,4 bilhões. O pacote inclui treinamento, suporte logístico e programas de compensação industrial. A empresa sul-coreana também relembrou a cooperação anterior com a FAP na coprodução de 16 aeronaves de instrução KT-1P, destacando os benefícios mútuos dessa parceria.
Apesar dos esforços sul-coreanos, fontes oficiais peruanas afirmam que a decisão técnica já foi tomada, baseada em estudos iniciados em 2012. Os modelos Gripen, Rafale F4 e F-16V Block 70 atendem aos requisitos operacionais, econômicos e de transferência tecnológica estabelecidos pela FAP.
O governo peruano já aprovou um orçamento inicial de US$ 2 bilhões para a compra das aeronaves. A expectativa é que o processo de aquisição avance com os três modelos atualmente em consideração, mantendo a exclusão do KF-21.
A situação evidencia a complexidade das negociações internacionais no setor de defesa, onde interesses estratégicos, técnicos e econômicos se entrelaçam. A insistência da KAI em participar do processo peruano destaca a importância do mercado latino-americano para os fabricantes de aeronaves militares.
FONTE: La República
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