O sector do mercado imobiliário em Angola é dos mais apetecíveis para se fazer lavagem de capitais, diz o diretor geral do Instituto Nacional da Habitação Antonio José da Silva Neto, quem ao mesmo tempo considera existir um défice habitacional na ordem dos dois milhões.
Para analistas económicos, é um “negócio” simples, principalmente devido à falta de transparência.
Ao falar à imprensa à margem de um forum sobre a habitação no país, Antonio Neto considerou que a lavagem de capitais ensombra o setor imobiliário que em si ja tem um défice de mais de dois milhões de moradias.
Ele sustentou que o Estado deve ter a noção do destino dado às casas construídas, devendo saber o número de habitações feitas para habitação social e em que termos ocorre a comercialização destes bens e sublinhou a necessidade de se acabar com a morosidade na regularização da inscrição matricial predial e cadastral de imóveis.
O economista e especialista em questões imobiliárias Augusto Fernandes diz que a afirmação de António Neto não é isolada no que se refere à facilidade de se fazer lavagem de capitais no sector
Augusto Fernandes diz que o Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) já sublinhou isso mesmo.
“A pessoa que adquiriu um dinheiro de forma ilícita vai depois depois tentar esconder (a sua proveniiência) tornando-o lícito e o sector que esta pessoa pode-o fazer com alguma facilidade é o imobiliário”, disse Fernandes, acrescentando que “as casas, prédios, armazéns, lojas, custam muito caro e numa só assentada o dinheiro ilícito pode entrar para o circuito formal”.
Quanto ao défice de habitação, ele aponta que “estudos do Banco Mundial revelam que o défice habitacional em Angola ronda os 2.2 milhões pela alta taxa de crescimento da população na ordem dos 3.3 porcento ao ano e uma fraca disponibilidade de habitação.”
O economista Heitor Carvalho explica que lavagem de dinheiro ilícito é feita através da compra e venda dos imóveis.
“Um vendedor de drogas por exemplo compra uma casa a 30 milhões, depois vende ou diz que vendeu esta casa por 300 milhões, na verdade este dinheiro tem como proveniência o negócio de drogas, há aqui uma lavagem de capitais, portanto é muito fácil lavar dinheiro no mercado imobiliários angolano (que é) pouco transparente”, explicou.
Carvalho acrescentou que a única maneira de se acabar com a “confusão no setor imobiliário” é dota-lo de mecanismos de transparência”.
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