Com câncer terminal, hexacampeão olímpico diz se revezar para ‘ficar triste’ com a mulher, que tem esclerose múltipla
Astro do ciclismo diagnosticado com câncer de próstata terminal, Chris Hoy disse ao The Times que ele e sua esposa, Sarra, que sofre de uma forma agressiva de esclerose múltipla, “se apoiam” quando um ou outro está “no fundo do poço”. O seis vezes medalhista de ouro olímpico no ciclismo de pista, de 49 anos, foi informado de que teria apenas de dois a quatro anos de vida em fevereiro do ano passado, mas afirmou que usa seu “espírito competitivo” para se impulsionar com “objetivos reais”.
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Sarra recebeu o diagnóstico da doença degenerativa três meses depois da confirmação do câncer de Hoy. O escocês disse que pediu a Steve Peters, o psiquiatra com quem trabalhou durante a maior parte de sua carreira profissional, para pesquisar quem viveu mais tempo com câncer de próstata, pois achava que isso seria demais para Sarra.
Em outros aspectos, o 11 vezes campeão mundial de ciclismo de pista e sua esposa conversam abertamente sobre suas respectivas condições quando um ou outro está se sentindo mal.
— Nós nos apoiamos. Porque quando ela está se sentindo forte e quando eu estou me sentindo mal, ela é inabalável e não vai desmoronar — disse Hoy. — Ela me incentiva e me faz sentir melhor, e espero que ela diga o mesmo, no caso contrário, quando ela não estiver num momento bom. É muito raro que estejamos os dois no fundo do poço juntos. É meio que um de cada vez. Essa é a regra não oficial.
Hoy, que descreveu como saber que tinha câncer em estágio quatro tirou dele “toda a esperança”, encontra consolo em uma citação do filósofo romano Sêneca: “Aquele que se preocupa antes do necessário sofre mais do que o necessário.”
— Acho incrível que esses caras existissem há milhares de anos e, no entanto, as coisas pelas quais passaram ainda sejam aplicáveis — disse Hoy. — Por tudo o que mudou na humanidade, são os mesmos desafios pelos quais passamos. Eles se preocupavam com as mesmas coisas: com a família, com a morte.”
Hoy, que afirma que quanto maior o tempo decorrido desde a quimioterapia, mais sua condição física melhora, disse que Peters também tem sido uma fonte constante de conforto.
Foi ele quem disse a Hoy que passaria 13 semanas de luto pela “vida que você teve” após o diagnóstico devastador e o chamou novamente para pesquisar um assunto delicado.
— Não pesquiso nada sobre o meu diagnóstico no Google porque acho assustador — disse o ciclista. — Mas eu também não queria dar as costas, e era algo muito pessoal para Sarra. Então, eu fazia perguntas a Steve e dizia: ‘Olha, você pode ir lá e descobrir mais sobre isso? Não quero descobrir todas as outras coisas que envolvem isso, quero saber quem viveu mais tempo com câncer de próstata em estágio quatro’.
Peters descobriu que dois homens diagnosticados na casa dos 60 anos viveram por mais de duas décadas. Hoy admite que pode não imitá-los, mas diz que não está parado: organizou um evento de ciclismo para arrecadação de fundos, o “Tour de 4”, em Glasgow, no dia 7 de setembro, no velódromo que leva seu nome.
Outros ex-astros do ciclismo de pista, Mark Cavendish e Jason Kenny, além do bicampeão olímpico de tênis Andy Murray e do nadador Adam Peaty, vão participar.
— Pensei: ‘Gostaria de fazer algo que refletisse como estou me sentindo agora, que, na verdade, a vida continua’ — disse ele. — O objetivo é unir essa comunidade e mudar a percepção de como pode ser um diagnóstico de estágio quatro. Espero que seja um dia realmente positivo e inspirador que, embora eu nunca tenha imaginado que precisaria existir, depois do diagnóstico que recebi, é algo pelo qual realmente anseio.
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