Cientistas localizam massa de água desaparecida no Atlântico

Cientistas revelaram recentemente a descoberta de uma gigantesca massa de água, até então não detectada, no meio do Oceano Atlântico. Essa vasta extensão de água estende-se desde o extremo do Brasil até o Golfo da Guiné, próximo à África Ocidental, sendo denominada de Água Equatorial Atlântica.

A Água Equatorial Atlântica forma-se ao longo do equador à medida que correntes oceânicas misturam massas de água separadas ao norte e ao sul. Esta descoberta surpreendente, publicada no final de outubro no periódico Geophysical Research Letters, desafia a compreensão anterior, já que, até então, os cientistas haviam observado misturas de águas ao longo do equador apenas nos oceanos Pacífico e Índico.

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Se mostrava controverso que a massa de água equatorial estivesse presente nos oceanos Pacífico e Índico, mas ausente no Oceano Atlântico, porque a circulação equatorial e a mistura nos três oceanos têm características comuns.

Viktor Zhurbas, físico e oceanógrafo no Instituto de Oceanologia Shirshov em Moscou, em um e-mail para a Live Science

Como assim água perdida?

  • Longe de ser uniforme, a água do oceano é um vasto mosaico de massas e camadas interconectadas, misturadas e separadas por correntes, redemoinhos e mudanças de temperatura e salinidade.
  • As massas de água são partes distintas dessa organização diversificada, cada uma com uma geografia compartilhada, histórico de formação e propriedades físicas comuns, como densidade e isótopos dissolvidos de oxigênio, nitrato e fosfato.
  • Para distinguir as massas de água, oceanógrafos mapeiam a relação entre temperatura e salinidade em todo o oceano, duas medidas que se combinam para determinar a densidade da água do mar.
  • Em 1942, esse mapeamento de temperatura-salinidade levou à descoberta de águas equatoriais nos oceanos Pacífico e Índico.
  • Formadas a partir da mistura de águas ao norte e ao sul, as Águas Equatoriais Indiana e Pacífica têm temperaturas e salinidades que curvam ao longo de linhas de densidade constante facilmente distinguíveis da água circundante.
  • No entanto, nenhuma relação semelhante podia ser observada no Atlântico.

A Água Equatorial Atlântica

Para encontrar a massa de água desaparecida, os cientistas examinaram dados coletados pelo programa Argo, uma rede internacional de flutuadores robóticos auto-submersíveis espalhados pelos oceanos do mundo.

Após analisar os dados coletados por esta rede flutuante, os pesquisadores identificaram uma curva de temperatura-salinidade não notada, aninhada paralelamente às curvas que demarcam as Águas Centrais do Atlântico Norte (NACW, na sigla em inglês) e Sul (SACW) ao norte e ao sul: a Água Equatorial Atlântica.

Mapa de potencial temperatura (a) e profundidade (b). Imagem: Geophysical Research Letters

“É fácil confundir a Água Equatorial Atlântica com a Água Central do Atlântico Sul, e para distingui-las era necessário ter uma rede bastante densa de perfis verticais de temperatura e salinidade cobrindo todo o Oceano Atlântico”, explicou Zhurbas.

Agora que a massa de água foi identificada, os cientistas terão uma compreensão mais aprofundada dos processos de mistura dos oceanos, fundamentais para o transporte de calor, oxigênio e nutrientes pelos oceanos ao redor do globo, destacou Zhurbas.

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