As chuvas em Angola, nos últimos meses, voltaram a expor o grande problema das estradas no país: os muitos buracos e ravinas nas vias, que dificultam os acessos e o comércio.
É o caso, por exemplo, do Kwanza Norte. De acordo com estimativas das autoridades, dos mais de 4.000 quilómetros de estradas na província, só 662 quilómetros estão asfaltados.A população enfrenta um drama.
Segundo o professor Nelson Domingos, que viaja permanentemente pelos 24km que ligam Quiculungo a Huyangombe, a estrada piora todos os dias, há mais de dez anos, apesar das promessas de reabilitação do Governo.
“É uma via em péssimas condições. Está completamente esburacada, com ravinas em todo lado. É um teto no inferno. Quando chove, nem conseguimos sair desabafou o professor “, queixa-se.
Alimentos apodrecem no campo
De N’Dalatando à capital de Malanje são 180 quilómetros de distância. A estrada aqui não está tão má como a descrita pelo professor Nelson Domingos, em Quiculungo. O problema em Malanje tem a ver sobretudo com outras vias – estradas secundárias e terciárias, mas não só.
O ativista cívico Hermenegildo André dá o exemplo do troço da EN140, que liga o Município de Kalandula a Keteku Kangola. São 150km difíceis: “É mais fácil ir a Luanda duas ou três vezes, e ainda terei troco, do que ir a este município.”
O ativista, residente em Kalandula, diz que, por falta de estradas em condições, as populações no interior da província têm perdido muitos recursos agrícolas, que apodrecem sem poderem ser escoados para outros pontos do país.
Soluções demoram a chegar
Jorge Manuel, diretor dos Serviços Técnicos e Infraestruturas de Malanje, reconhece os desafios: “Realmente, o acesso está muito degradado”.
Alguns dos problemas, segundo o engenheiro, têm sido a falta de verbas ou a incapacidade técnica das empresas na reabilitação das estradas. Mas Jorge Manuel confia em dias melhores: “O Ministério já programou uma ação para a intervenção daquela via.”
Munícipes desesperados
Ouvido pela DW, o munícipe Aires Bombota diz que espera ver a reabilitação das estradas:
“Nós estamos mal, não temos Governo, fomos abandonados. Esta é a realidade visível”, lamenta.
Há muitas décadas que a população exige soluções. Aires Bombota diz, por exemplo, que a via que dá acesso ao mercado de Xawandi, o maior de Malanje, é um autêntico pesadelo.
“Daqui a mais um tempo, para acedermos ao mercado Xawandi, será necessário utilizarmos boias” conta o munícipe.”
Serviço de terraplanagem
O diretor dos Serviços Técnicos e Infraestruturas de Malanje, o engenheiro Jorge Manuel, assegura que está a par da situação e há uma solução, pelo menos para o curto-prazo.
E garante: “Temos feito uma acomodação de tráfico para tentar minimizar o sofrimento daqueles nossos concidadão que usam aquele mercado”.
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