Assessor internacional da Presidência revelou temor de recessão após tarifaço de Trump
O assessor internacional da Presidência, Celso Amorim, afirmou que a China oferece mais oportunidades e menos riscos em investimentos para o Brasil do que os Estados Unidos. Em entrevista ao O Globo publicada nesta 5ª feira (17.abr.2025), revelou que teme uma nova recessão mundial por conta do tarifaço do presidente norte-americano Donald Trump (Partido Republicano) e relacionou a crise global do século passado à eclosão da 2ª Guerra Mundial.
Amorim argumentou que a nova política econômica adotada por Trump pode levar ao fim do multilateralismo, algo que, para ele, “traz um prejuízo muito maior do que a eventual vantagem comparativa” que pode ser alcançada. O assessor disse acreditar que a postura comercial dos EUA pode pôr fim ao sistema e forçar negociações bilaterais.
“Essa quebra do multilateralismo está expressamente dita na nota da Casa Branca, onde também são elogiados acordos do século passado. Sabemos que os acordos de 1930 contribuíram para a depressão, que contribuiu para a 2ª Guerra Mundial. Não vou dizer que seja a única causa ou a principal, mas contribuiu. Esse é o risco maior, a ruptura do multilateralismo”, disse.
Amorim citou que uma guerra comercial pode levar a uma nova recessão global como a que acometeu o mundo em 1930, levando à eclosão da 2ª Guerra Mundial. Para ele, os Estados Unidos são os principais ameaçados, caso o plano econômico de Trump falhe.
“No passado, isso foi o prelúdio da 2ª Guerra Mundial. Houve necessidade de fomentar a indústria armamentista para levantar as economias. Porque o consumidor não tinha mais força. O consumo dos indivíduos, das famílias, não era suficiente para levantar as economias. As economias só começam a se levantar quando começa a haver a perspectiva da guerra. Espero que dessa vez não se chegue a isso”, afirmou.
Prestes a embarcar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para uma viagem para China e Rússia, Amorim ressaltou os importantes laços que o Brasil possui com estes países, sobretudo no contexto do Brics.
“Os Brics proporcionam aproximações bilaterais, ou trilaterais. O Brasil tem hoje uma relação com a China muito mais forte. Com a Rússia, talvez, não tanto por causa da guerra, mas, mesmo assim, é muito forte. Temos muito bom diálogo, embora não concordemos com tudo. Temos um grande superavit comercial com a China, ao contrário dos Estados Unidos, com quem nós temos deficit. Se você incluir serviços, propriedade intelectual, o deficit aumenta muito mais ainda. Isso é uma coisa que eles devem ter presente quando forem negociar”, disse.
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