Chevron prepara saída dos blocos 14 e 14T no offshore angolano

A petrolífera norte-americana Chevron, que há mais de 30 anos opera na Bacia do Congo no offshore angolano, procura se desfazer dos Blocos 14 e 14T, cuja produção se encontra em declínio há já algum tempo, tendo já dado início ao processo de retirada das respectivas licenças.

A Chevron terá dado indicações ao Banco de Investimentos ScotiaBank para que este encontre, o quanto antes, um comprador para as suas licenças no bloco 14 (31%) – responsável actualmente pela produção de cerca de 56.000 barris de crude por dia –  e 14T (15,5%), conforme avança o Africa Intelligence.

De acordo com portal especializado,  o CEO do banco, Moncef Attia, esteve envolvido em inúmeras vendas de alto nível em África, tendo sido responsável pela venda de 40% da Perenco no campo de Atora, no Gabão e a venda das licenças da Delonex, no Chade, em 2021, e, mais recentemente, da Chevron no Congo.

Esses activos congoleses, adquiridos pela Trident Energy, também estavam localizados nas imediações dos blocos operados pela Chevron em Angola. Um deles, o bloco 14T, onde se localiza o campo de Lianzi, que pertence inclusive a uma área compartilhada entre os dois países [Angola e o Congo].

A Trident, segundo o Africa Intelligence, pode estar também agora interessada na licença da Chevron no bloco 14 em Angola, “cujos depósitos actualmente explorados ainda contêm cerca de 114 milhões de barris de reservas”.

A produção de petróleo de outros campos descobertos desde a década de 1990, particularmente nas áreas de Negage e Lucapa, pode permitir o desenvolvimento de cerca de 770 milhões de barris. Este activo também deve atrair outras empresas especializadas em operações em campos maduros, como a Perenco e a Maurel & Prom.

Entretanto, a venda dos activos nos blocos 14 e 14T não significará o fim do envolvimento da Chevron em Angola, onde opera desde 1954. A companhia adquiriu, em 2023, os blocos 49 e 50, localizados em águas profundas no offshore do país, e ainda opera o bloco 0. Também possui uma participação no projecto Angola LNG, onde se encontra desde 2013, juntamente com a ExxonMobil e a TotalEnergies.

Chevron não é a única que quer sair

Assim como a Chevron, a Azule Energy, uma joint venture entre a ENI e a BP, também está em processo de alienação da sua participação de 20% no Bloco 14 do offshore angolano e a Artemis Energy, fundada há alguns meses pelo israelense Gilad Myerson, já se posicionou para a compra da sua participação.

O Africa Intelligence diz que Myerson conhece bem a ENI. Inclusive, a sua outra empresa, a Ithaca Energy, concluiu um acordo com a gigante italiana em 2024 para assumir quase todos os seus activos de exploração e produção no Mar do Norte por cerca de 874 milhões de euros, em uma transação de capital.

Grandes empresas ‘abandonam’ Bacia do Congo

Os blocos operados pela Chevron na Bacia do Congo, que entraram em produção há quase 25 anos, estão a se tornando cada vez menos lucrativos. Como outras grandes empresas, a Chevron prefere explorar em águas ultra profundas ou em outras bacias, como a do Kwanza ou do Namibe, por exemplo.

A Bacia do Congo está a se tornar no destino de empresas de médio porte. Em 2022, a TotalEnergies e a empresa japonesa Inpex venderam a sua participação no bloco 14 para a então angolana Somoil, actual Etu Energias.

Entretanto, a Etu, que está também em processo de venda dos seus activos nos blocos 3/05 e 3/05A, estaria a considerar vender a sua participação no bloco 14. Além das antigas participações da TotalEnergies e da Inpex, a maior petrolífera privada angolana detém ainda as acções da empresa portuguesa Galp no mesmo bloco, desde 2023.

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