Os estudos também observaram um discreto aumento de transaminases, enzimas que dão uma pista do funcionamento do fígado. “Mas ele foi realmente muito pequeno e, provavelmente, transitório”, diz a doutora.
Notou-se, ainda, uma leve elevação da creatinina entre os usuários. Trata-se de uma substância liberada pelo metabolismo dos nossos músculos e que costuma ser eliminada pelos rins. “Isso sugere que, talvez, a gente precise ter um pouquinho mais de cuidado com aqueles indivíduos que apresentem uma doença renal crônica, mas só isso”, afirma a cardiologista.
Que vantagem a gente leva?
Essa é uma boa pergunta. Afinal, hoje em dia os cardiologistas dispõem de um vasto cardápio de alternativas. Além das tradicionais estatinas e de drogas para inibir a absorção do colesterol, existem, por exemplo, anticorpos monoclonais que se ligam a uma enzima chamada PCSK9 para bloqueá-la. É que ela ocupa receptores do fígado que absorveriam o colesterol a mais no sangue e isso faz com que o LDL continue por lá, circulando.
A doutora Viviane Giraldez conta que vê, no mínimo, duas vantagens com a chegada do ácido bempedoico, ao lado da ezetimiba, além daquela de não provocar dores musculares em pessoas sensíveis: “Primeiro, mesmo para quem já usa uma estatina , esse tratamento poderá ser usado para a gente ter um benefício adicional”, explica. Sim, a nova terapia age no mesmo lugar que as estatinas — no fígado —, mas em outro ponto da reação em cadeia que leva à síntese do LDL. Ou seja, a tendência é haver uma maior redução.
“Um segundo aspecto positivo é que essa droga é uma pequena molécula, sintética, de produção mais fácil”, pensa a médica. “Por enquanto, ninguém sabe o preço que terá no Brasil, mas a tendência é não ser tão cara quanto algumas opções disponíveis no mercado e o acesso é sempre uma questão relevante.” O lançamento deverá acontecer no segundo semestre deste ano e essa é a expectativa: fazer o coração pular de saúde, sem tantos sobressaltos provocados pelo bolso.
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