centenária mantém tradição após 50 anos fora do Paraguai

Neste mês de julho, mais precisamente no dia 9, Izabel Alfonso completou 102 anos de vida. A mais de 50 anos vivendo em Cuiabá, a centenária tenta manter as tradições paraguaias.

Casada com Paulo Figueiredo, ela saiu de Assunção, capital do Paraguai, para morar em Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. Com ele, teve 6 filhos.

Centenária comera aniversário com as cores do partido paraguaio que ela defende, o Partido Liberal. (Foto: arquivo pessoal)

Como o esposo costumava trabalhar em fazendas, eles se mudaram várias vezes. Uma das filhas do casal, Adelina Figueiredo, de 63 anos, por exemplo, nasceu na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Ruan Caballero.

Até que, um dia, chegaram a Cuiabá e aqui decidiram permanecer. Alguns filhos que já eram maiores continuaram morando em Mato Grosso do Sul.

Já em Cuiabá, a primeira morada do casal foi no bairro Grande Terceiro. Enfrentaram a enchente de 1974 e perderam tudo. Depois, recomeçaram a vida no bairro Novo Terceiro. Anos depois, se mudaram para a Cohab Dom Orlando Chaves, em Várzea Grande, onde dona Izabel vive com a filha até hoje.

Apesar de ter saído do Paraguai há mais de 60 anos, a centenária não esquece suas raízes e para lembrar da vida em Assunção, ela costumava fazer receitas paraguaias. Agora que ela já não pode mais cozinhar, pede que as filhas façam.

“Ela gosta de um prato paraguaio chamado locro – milho tipo de canjica feito com costela, ensopado. Ela também gosta de muito de sopa paraguaia, que é bem diferente da sopa que conhecemos no Brasil. Na verdade, a sopa paraguaia parece mais um bolo, do que uma receita de caldo com macarrão, como conhecemos”, comentou Adelina, uma das filhas de dona Izabel.

Antes, a paraguaia que já é cuiabana, conseguia cozinhar e amava fazer os pratos que lembravam sua terra, ela também gostava de dançar, de cantar, era costureira e é devota de Nossa Senhora Aparecida.

Religiosa, sempre gostou de rezar o terço e de ir à igreja. No entanto, sempre foi muito caseira. Muito tímida, gostava dos festejos em família. “Ela não gosta de sair de casa nem para ir ao mercado, isso ela deixava a cargo do meu pai”.

Com a morte do senhor Paulo, ela foi morar com a filha, e o diagnóstico de glaucoma a deixou ainda mais caseira. Aos 102 anos, ela se mantém consciente, exigente e saudável, só a saudade do marido é que a deixa triste de vez em quando.

Outra curiosidade é que ela não se esquece da língua materna e até hoje conversa em guarani. “Quando ela morava com meu pai, ela só falava em guarani dentro de casa. Mas, depois que veio morar comigo, como meus filhos não falam, ela diminuiu, mas ela lembra de tudo e, de vez em quando, ainda fala algumas frases”, contou a filha.

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Dona Izabel comemorando 102 anos ao lado dos filhos. (Foto: Arquivo pessoal)

Apesar da timidez e das dificuldades enfrentadas por causa da perda de visão, dona Izabel mantém a alegria de viver, continua a ouvir as polcas paraguaias com frequência e nunca fala em morte, ela gosta é de viver.

Não à toa, ela festejou, ao lado dos filhos, os 102 anos, no último 9 de julho, com uma festa toda decorada de azul, que é a cor do partido Liberal do Paraguai, o qual ela defende.

Embora tenha uma filha em Ponta Porã e familiares no Paraguai, ela nem fala na possibilidade de retornar ao país de origem, ao contrário, ama Cuiabá e já se sente uma cuiabana.

O que dona Izabel nos ensina, no auge dos seus 102 anos é simplicidade, perseverança, felicidade e vontade de viver… talvez sejam estes, para ela, o elixir da longevidade.


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