Catarinense transforma estresse agudo em oportunidade para mudar estilo de vida

De repente, a mulher que dava conta tudo e se empenhava para ser a melhor em todas as áreas, quase querendo beirar “a perfeição”, desabou:

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— Eu simplesmente não tinha forças pra me levantar. Meu corpo literalmente parou. Fiquei sem ânimo ou disposição pra qualquer coisa! E eu não estava cansada. Pela primeira vez na vida, tive que admitir: eu estava era doente e fui obrigada a fazer algo, talvez também pela primeira vez na vida, por mim.

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Foi assim que Fernanda Bornhausen Sá, psicóloga e empresária catarinense, fez a grande virada de chave da sua vida aos 56 anos.

— Eu levei toda a minha vida muito no automático, achando que precisava dar conta de tudo, ser um exemplo de perfeição, de sucesso, pensando que viver estressada era uma coisa normal. Precisei ficar em perigo, para então acordar. Foi quando despertei para uma vida que, de verdade, vale a pena — conta.

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Mais do que transformar a própria vida, Fernanda despertou para o propósito de tocar outras vidas que se encontram na mesma situação que ela, cinco anos atrás. Hoje aos 61, ela acaba de ser certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida e comanda um movimento que compartilha com as pessoas o quanto temos uma farmácia em nossa mente — e como podemos produzir os remédios que nossa saúde necessita, entendendo como funciona o nosso cérebro e mudando hábitos.

Nessa entrevista, Fernanda nos conta como é possível transformar a nossa vida cuidando dos pilares da saúde mental.

Laine Valgas: Você é uma pessoa que sempre esteve muito ligada no 220V , dando o seu melhor para a sociedade nas mais variadas áreas. Mas, num determinado momento da vida algo aconteceu que te fez redirecionar, recalcular a rota. Conta pra gente como é que foi isso.

Fernanda Bornhausen Sá: A gente vai subindo e descendo a montanha-russa da vida, entendendo os sinais e os chamados, né? Eu sou psicóloga e sempre fui empresária e, como empresária, sempre muito pilhada. Até que, num determinado momento da minha vida, eu tive um episódio de estresse agudo, e esse episódio me fez entender que o meu corpo estava pedindo pra parar. Não era uma questão de estar cansada, eu estava doente, de tanto ficar ligada no 220V, sem cuidar da Fernanda. E aí eu tentei (e busquei) uma cura natural para esse estresse, e foi através de mudança do estilo de vida.

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Eu consegui me curar e me sentir outra pessoa, um mês depois. E aí quando a gente fala de estilo de vida, a gente está falando da alimentação, da atividade física, do sono, dos relacionamentos, do controle de substâncias e do gerenciamento do stress propriamente dito. A partir dali, eu fiquei muito curiosa para entender porque, daquela vez, eu tinha conseguido mudar o meu estilo de vida que eu vinha tentando há tanto tempo melhorar. E todos os caminhos desta auto descoberta foram me levando para a neurociência, que nos ensina o funcionamento do cérebro e como, a partir deste conhecimento, conseguimos criar hábitos saudáveis.

Foi aí que começou a minha nova jornada, em 2020 — pessoal e profissional. A partir daí nasceu o Sedo Farmácia da Mente — um método que vem ajudando as pessoas, de vários países, a adquirirem aquele estilo de vida saudável que elas sempre desejaram, para realmente mudar a saúde delas.

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Muita gente pensa assim: “mudar agora? Já passou o meu tempo de fazer alguma coisa, não tem mais jeito”. Mas sua transformação começou aos 56 anos…

Eu sempre coloco, quando vou palestrar, quando faço mentoria, nos nossos programas, que “sempre é tempo!”. Inclusive, aquela questão de nunca é tarde, eu não gosto dessa frase. Porque não é “nunca é tarde”, mas “sempre é tempo”. Hoje, nós sabemos, e a ciência comprova, que as pessoas, aos 100 anos, conseguem fazer massa muscular, que é essencial para o envelhecimento saudável. Então, por que não aos 70, aos 80, aos 90, aos 50, aos 40, fazer um movimento de cuidar melhor de você, com gentileza, com amorosidade, mas com muita ciência na base de tudo.

Vamos falar então dos seus dois grandes movimentos mais recentes. O Sedo, uma sigla que reúne as iniciais de quatro hormônios da felicidade: o S de serotonina, o E de endorfina, o D de dopamina e o O de ocitocina — que foi batizado de Sedo Farmácia da Mente, um movimento que pretende ensinar as pessoas como melhorar a vida, cuidando da saúde cerebral.

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Eu descobri, e quero compartilhar com as pessoas, que nós podemos produzir quase todos os remédios que precisamos para a nossa saúde. A gente precisa entender que exercício físico, atividade física, qualquer movimento, sejam dois minutos, é remédio. Que comer frutas, verduras, grãos, é remédio. Dormir com qualidade, é remédio. Se relacionar de uma maneira saudável na família, no relacionamento amoroso, com o mundo, no trabalho, é remédio. Meditar é remédio. Ser grato é se dar remédio, com evidência científica. Então, eu sempre trago a mais simples, aprender a respirar, técnicas de respiração. O que é simples na alimentação que você pode fazer agora? Incluir dois litros de água por dia na sua vida, você muda a sua saúde! E quem mora em Santa Catarina tem uma natureza exuberante, né? A nossa natureza é remédio, ela ativa serotonina, que é o nosso antidepressivo natural.

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E agora, temos a nova página da Fernanda que é a Certificação em Medicina do Estilo de Vida. Como isso vem fortalecer seu trabalho, dentro do Sedo?

Quando eu estava fazendo a tese sobre conseguirmos usar os hormônios da felicidade para criar hábitos de uma maneira mais assertiva, eu descobri a Medicina do Estilo de Vida, ainda lá em 2020. É uma especialidade médica e os profissionais de saúde, todos eles, podem se certificar internacionalmente, através de uma prova aplicada pelo International Board of Lifestyle Medicine. E a Medicina do Estilo de Vida é uma ciência, são evidências científicas que comprovam que através desses pilares que eu já citei aqui, você consegue prevenir, controlar e até reverter as doenças crônicas que mais matam a humanidade.

Hoje a medicina do estilo de vida é inovadora porque ela prova com evidências científicas que nós não precisamos desenvolver essas doenças. Então não é porque seus pais tiveram diabetes, sua família toda teve diabetes, que você vai ter. Controlar e até reverter a diabetes tipo 2 e hipertensão também, são as doenças de “padrão ouro” de intervenção dessa visão médica atual. Nós somos treinados para aplicar essas intervenções de estilo de vida para ajudar as pessoas na sua saúde. Como funciona no Brasil? Nós temos um Colégio Brasileiro de Medicina de Estilo de Vida, que já está no oitavo ano, e os profissionais de saúde podem se associar a esse colégio. Eu agora sou diretora regional do colégio aqui em Santa Catarina, junto com a Kayla Samistraro, que é dentista, na cidade de Videira.

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Para a gente encerrar, queria te falar do nosso orgulho de ter uma catarinense à frente de tantas inovações. Como é que você se sente hoje, aos 61 anos (quando muita gente já está parando), recomeçando e de uma maneira mais ativa?

Eu tenho uma questão muito otimista com o passar dos anos. Eu acho que a gente pode chegar aos 100 anos com saúde, vitalidade e produtividade. Fazendo o quê? Tendo um propósito maior. E esse é o segredo da longevidade. Então, hoje eu me sinto muito bem, melhor talvez que aos 50 ou aos 40. E eu acho que vou me sentir muito bem com 70, daqui a oito anos. Sabe por que? Porque isso depende de você, depende do cérebro, como a gente alimenta nosso cérebro, e o mais importante para mim hoje é eu ter escolhido uma área que além de fazer bem para mim, para o meu marido, para minha família — eu toco milhares de vida.

Cada pessoa leva um pouquinho de mim e eu consigo o meu propósito que é, com tudo aquilo que eu estudei, que eu tive o privilégio de viver e me capacitar, fazer diferença mesmo na vida das pessoas.

Dicas para transformar a rotina

Faça pausas

Nosso cérebro precisa de uma quantidade incrível de energia para funcionar. E ele precisa parar, de tempos em tempos, para reabastecer. E a gente reabastece fazendo pausas. Não parar é como sair com o carro sem desligá-lo e sem trocar a água do motor: você pifa. Entenda que paradas voluntárias evitam paradas involuntárias.

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Mova-se

Fazer exercícios físicos, aeróbios ou de força são fundamentais para a saúde do cérebro — e saúde mental, emocional e física! Movimentar-se produz os hormônios da felicidade, desperta foco, atenção, bom humor, combate ansiedade e depressão (por que diminui o cortisol na corrente sanguínea), aumenta a produtividade, a auto estima, a libido e ainda combate doenças como Alzheimer e Parkinson – por que tem a capacidade de fazer nascer novos neurônios e proteger os que já temos.

Escolha melhor seus alimentos

A maioria não sabe, mas há alimentos que inflamam nosso cérebro — e cérebro inflamado é porta aberta para baixa imunidade e doenças. Exemplos? Açúcar refinado, produtos industrializados, tudo o que possui o IG (índice glicêmico) alto, aspartame, gordura saturada e por aí vai. Escolha comer “comida de verdade”, que produzam no seu cérebro neurotransmissores do bem. Descascar mais e desembrulhar menos pode fazer aquela diferença!

Não durma no ponto

Cuidar da qualidade do sono é vital para o equilíbrio de suas emoções e sua como um todo. É durante o sono que seu cérebro faz uma verdadeira faxina de toda a sujeira que você acumulou durante o dia. Se não há limpeza, você vai acumulando toxinas, vai adoecendo e virando até uma pessoa tóxica. A média mundial fala de 7 a 9 horas de sono. Descubra o que é ideal pra você e ajuste seu descanso.

Respire

Se tem uma atitude que diminui a produção de cortisol (hormônio do stress) e acorda o nosso lado mais sábio é o respirar. Ele equilibra ondas mentais, acalma, melhora o nosso manejo com as emoções, o nosso aprendizado, raciocínio e restabelece o bem estar. Uma boa técnica, para começar é o respirar “quadrado”: inspira em quatro tempos, segura a respiração por quatro tempos, expira em quatro tempos e segura com o abdômen vazio por quatro tempos.

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Invista em bons relacionamentos

Você não precisa de um milhão de amigos, mas invista em amigos que valham milhões. Isso desperta a produção de ocitocina no cérebro, o hormônio do amor, do pertencimento, da conexão e da inclusão. Desperta também a dopamina, o hormônio do prazer.

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