Volvidos três anos, os são-tomenses continuam sem encontrar respostas e explicações lógicas capazes de esclarecer todos os contornos por detrás dos fatídicos acontecimentos registados na madruga de 24 para 25 de novembro de 2022, nas instalações do quartel das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe (FARSTP).
Este caso – ou melhor, este trágico acontecimento, com contornos e evidências de uma crueldade nunca registada no nosso país – continua a dividir opiniões e a semear, infelizmente, um ambiente de muita crispação, intolerância, ódio, especulação e muitas desconfianças entre os são-tomenses e nas suas instituições democráticas.
Contudo, creio que é preciso irmos às causas originais dos acontecimentos para que, de alguma forma, se possa compreender a razão pela qual continua a pairar na sociedade são-tomense um clima de medo, justificado ou não, na sensação impunidade e um tipo de triunvirato político, jurídico e internacional que dá sinais contrários ao que se espera e se deseja num Estado de Direito Democrático, como é o Estado são-tomense.
A prova disso mesmo foram as declarações, um tanto enigmáticas, proferidas esta semana por um dos acusados pelo Ministério Público de STP: o antigo vice-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas e atual comandante da Guarda Costeira, Armindo Rodrigues. Sim, o mesmo oficial das FARSTP que, nas primeiras horas do dia 25 de novembro, informou o país e o mundo, entre outras coisas, que os quatro cidadãos são-tomenses, alegados autores da tentativa de golpe de Estado, tinham perecido em circunstâncias ainda por esclarecer.
As declarações proferidas agora por Armindo Rodrigues são de extrema importância e demonstram que, afinal, além do forte abalo social que o caso 25 de novembro causou aos são-tomenses, há efetivamente um clima de mal-estar entre as mais altas patentes militares do nosso país. Por outro lado, o desconforto demonstrado pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova, sobre o assunto, é sintomático de que continuar a empurrar o problema com a barriga só aumentará a perceção de que o nosso Estado está em crise, e que violência e a degradação da condição humana em STP parecem estar legitimadas.
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