Caracas comemora volta de criança separada de pais deportados

Venezuelanos saíram às ruas na última quinta-feira (15/05) para comemorar a volta de Maikelys Espinoza, uma menina de apenas dois anos, para o país. Seu retorno, em um voo com outras seis crianças que estavam no Estados Unidos, ocorreu na quarta-feira (14/05).

Milhares de venezuelanos foram ao centro de Caracas para comemorar o retorno da jovem. O caso ganhou proporção nacional desde o final de abril. Os manifestantes carregavam cartazes dizendo “queremos nossos jovens de volta”, uma vez que ainda há 252 venezuelanos presos em El Salvador e outras crianças separadas dos pais nos EUA.

O governo venezuelano chamou de “sequestro” a forma que o governo dos EUA tratou Maikelys. Segundo Caracas, os pais da criança são cidadãos venezuelanos, viviam nos EUA e foram deportados no plano de expulsões em massa de Donald Trump, acusados de fazer parte do grupo criminoso Trem de Aragua. Então, a criança então ficou sob a responsabilidade do Departamento de Segurança Nacional (DHS) dos EUA.



Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!

Inscreva-se

O ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello, recebeu Maikelys no aeroporto. A autoridade tem sido  responsável por recepcionar os venezuelanos deportados dos EUA.

“É muito reconfortante ter Maikelys de volta, porque dá apoio moral ao nosso povo, que assumiu essa luta”, declarou o ministro.

Em coletiva de imprensa, o ministro disse que os pais não receberam a jovem porque não havia confirmação de seu retorno por Washington. “Como não tínhamos certeza se a menina viria neste voo, não queríamos que a mãe e a avó dela viessem para que não sofressem mais tristeza, mas vocês sabem que a Maikelys chegou. Nós a colocamos em um lugar e vamos levá-la até eles para que possam abençoá-la com amor, assim como todas as crianças da Venezuela são abençoadas. Lutamos uma batalha diária, e hoje é uma grande vitória para Maikelys retornar à nossa pátria”, disse.

Cabello ainda criticou os representantes da extrema direita venezuelana, como María Corina Machado e Edmundo González de não terem mencionado o caso de Maikelys em suas redes sociais.

Caracas comemora volta de criança separada de pais deportados
Presidente Nicolás Maduro recebeu Maikelys Espinoza no Palácio de Miraflores
Prensa Presidencial

Por fim, o ministro ainda lembrou que esta não é a primeira vez que os Estados Unidos sequestram crianças. Ele se referiu a Elián González, um menino cubano de seis anos que foi sequestrado pela máfia anticubana em Miami em 1999 e retornou à ilha meses depois, após uma intensa luta do governo e do povo cubano por seu retorno.

Maikelys chegou a Venezuela toda vestida de branco e foi levada ao palácio Miraflores, sede do governo venezuelano. Lá, a primeira-dama Cilia Flores entregou a jovem para sua mãe, Yorely Bernal, e sua avó, María Escalona Fernández.

Mesmo com pressão norte-americana e a deportação massiva de venezuelanos em condições adversas, o presidente Nicolás Maduro agradeceu Trump pelo retorno de Maikelys.

Por sua vez, Washington afirmou que a devolução de Maikelys não foi fruto da negociação do governo de Nicolás Maduro, mas de uma decisão judicial. O Departamento de Segurança Nacional (DHS) norte-americano confirmou a decisão e disse que a medida de prender os pais foi tomada para “proteger” a criança.

O líder venezuelano agradeceu também o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodriguez, pela negociação com a Casa Branca. ele tem sido dos principais representantes de Caracas na relação com o governo dos EUA desde a gestão de Joe Biden (2021-2025).

“Houve e haverá diferenças. Mas é possível, com a bênção de Deus Pai, seguir em frente e resolver muitas questões. Espero e aspiro que muito em breve também possamos resgatar o pai de Maikelys e os 253 venezuelanos que estão em El Salvador. Esta vitória humana de ter esta linda menina entre nós é de todo o povo da Venezuela, mas sobretudo das mães e avós”, disse.

Os pais de Maikelys são venezuelanos e se conheceram no Peru, onde viviam. Lá, eles tiveram a menina e foram aos Estados Unidos. Chegaram aos EUA em 22 de maio de 2024, mas não tentaram cruzar a fronteira de maneira irregular. Também assumiram à Justiça norte-americana que não tinham documentação para entrar no país. Desde então, estavam presos na migração. Mesmo assim, os EUA acusam que os dois fazem parte da organização criminosa venezuelana Trem de Aragua.

(*) Com Brasil de Fato e TeleSUR

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.