Capitão da Guiné Equatorial critica Federação: “Corruptos… ficaram com um milhão de euros”

“Falsificaram os boletins de vacinas para a Taça de África. Ficam com dinheiro de todo o lado”

Emilio Nsue, capitão da seleção nacional e destaque na última Taça das Nações Africanas (CAN), abriu o livro numa recente entrevista à página ‘Africa Futbolera’, revelando um cenário de corrupção, humilhação e má gestão por parte da federação de futebol do país.

A polémica começou quando Nsue, melhor marcador da CAN com cinco golos, foi suspenso da seleção por alegados “episódios de indisciplina graves”.

Contudo, o jogador não ficou em silêncio e decidiu expor publicamente as suas frustrações e preocupações em relação à situação do futebol na Guiné Equatorial.

“Vou morrer pelo meu país, vou entregar a Bota de Ouro ao povo, para que desfrutem dela”

Segundo Nsue, a sua suspensão foi arbitrária e sem qualquer explicação coerente. O bota de ouro da última CAN denunciou um regime interno ilegal que resultou na sua exclusão da equipa nacional.

O jogador, que atualmente representa o Intercity, clube da 3.ª divisão espanhola, afirmou sentir-se “humilhado mundialmente” pela forma como a federação lidou com a sua situação.

“Afastaram-me sem nenhuma explicação, inventaram um regime interno ilegal. Humilharam-me mundialmente. Vou morrer pelo meu país, vou entregar a Bota de Ouro ao povo, para que desfrutem dela. A seleção está acima de tudo e de todos”, começou por dizer o jogador, citado pelo jornal ‘Record’.

“Tem de haver uma reestruturação porque querem lá colocar os amigos, gente que não trabalha e que cobra”

Contudo, as críticas de Nsue não se limitam à sua situação pessoal. O capitão da Guiné Equatorial acusou dirigentes da federação de desvio de dinheiro, má gestão financeira e práticas corruptas.

De acordo com Nsue, um milhão de euros destinados ao desenvolvimento do futebol no país teria sido desviado por elementos dentro da federação, enquanto a seleção nacional enfrenta problemas financeiros.

“Todos estes chupistas, cancros e corruptos ficaram com um milhão de euros. Um milhão de euros! Disseram-nos que o dinheiro ia para a liga local, para melhorar o futebol no nosso país. E nós dissemos ‘presidente, muito bem, muito bem'”, revelou.

Nsue também pediu uma reestruturação profunda na federação, argumentando que é necessária uma mudança de liderança para acabar com a corrupção e a incompetência.

“Tem de haver uma reestruturação porque querem lá colocar os amigos, gente que não trabalha e que cobra, dão-lhes dinheiro. É este ciclo vicioso de corruptos, mentirosos e ladrões. É o que é esta gente”, observou.

O jogador não poupou nas críticas à falta de visão da federação em termos desportivos, revelando que a seleção foi forçada a jogar contra a seleção de Aragão, uma comunidade autónoma de Espanha.

“Com o nosso ranking, em vez de fazermos jogos para subirmos e termos mais opções, levam-nos a jogar com a seleção de Aragão. Aragão! Que é uma comunidade de Espanha!”, lembrou.

“Este é o nível intelectual destes analfabetos e ladrões que temos de aguentar. Mas não o posso demonstrar, essa é a minha impotência. Nos meus 12 anos de internacional, isto é o pior, a maior humilhação que a minha seleçãoe o povo da Guiné Equatorial sofreram”, frisou o avançado.

Nsue acusou ainda a federação de falsificar boletins de vacinas para a Taça das Nações Africanas e revelou que, enquanto os jogadores têm dinheiro em falta, os dirigentes desviam fundos de várias fontes.

“Falsificaram os boletins de vacinas para a Taça de África. Ficam com dinheiro de todo o lado, a nós devem-nos dinheiro e estão a roubá-lo”, rematou.

Crédito: Link de origem

- Advertisement -

Comentários estão fechados.