Caio Bonfim aprova novas distâncias da marcha atlética e quer ver comparações com paces de corrida de rua

— Achei legal por conta da nomenclatura. A gente vai ganhar um público que é o da corrida de rua, o esporte mais praticado no mundo. A galera vai se aproximar mais da marcha, comparar pace. E isso vai chamar a atenção — opina Caio, que tem pace de 3min52 nos 20km. — Tenho 1h17 nos 20km, se eu fizer 1h20 nos 21km será a base. Isso vai ser muito legal, teremos um novo público. E acho que essa é a intenção da WA, inclusive.

O marchador conversou com o GLOBO durante o O CBC & Clubes EXPO, evento que está sendo realizado em Campinas (SP), reunindo os principais clubes esportivos, patrocinadores, fornecedores e grandes nomes do esporte nacional. Ele será palestrante nesta quarta-feira.

Gianetti Sena, mãe e treinadora de Caio, acrescentou que a WA tem entre suas metas melhorar a visibilidade da marcha atlética mundial.

— Eles fizeram uma enquete mundial e começou a ter uma conversa muito sobre o pace: o pace de quem corre e o pace de quem marcha. E então surgiu essa ideia de usar as tradicionais distâncias das corridas de rua no Mundial. É legal ter essa possibilidade de comparação, né? — constata ela. — Tem muito corredor bom que tem pace acima do pace de marchador. Será uma forma de mostrar que a prova é veloz e forte.

Para Gianetti, o medalhista olímpico tem totais condições de marchar a meia e a maratona no Mundial de 2026. E que se Los Angeles-2028 adotar as mesmas distâncias, ele poderá buscar os dois pódios nos EUA também:

— Pode vir o que for. Nossos atletas têm condições de disputar, 10km, 21km, 35km, 42km ou 50km. Para a gente não importa. Preparamos nossos atletas para todas essas distâncias— declarou a treinadora, que em Campinas representa o clube da família, o Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO) — Nossos treinos são de 40km, 30km. Somos uma escola de muita rodagem. E a gente sabe que não são todos que fazem isso. Já fomos chamados de loucos, inclusive. Mas a gente acredita e faz. Não temos histórico de lesões e estamos preparados para qualquer uma destas distâncias. Mesmo os mais novos.

Gianetti lembra que as provas tradicionais da marcha atlética eram 20k e 50k. Na Olimpíada do Rio, por exemplo, Caio disputou as duas provas, tendo batido o recorde brasileiro em ambas (teve uma semana de diferença entre elas, possibilitando a participação nas duas). Terminou em quarto (20km) e oitavo (50km).

Em Tóquio-2020, as provas foram disputadas na sequência, um dia atrás do outro, e assim, ele teve de optar por uma delas (20km).

Nesta última edição, em Paris-2024, o Comitê Olímpico Internacional tirou os 50km do programa e optou pela maratona do revezamento, cujo objetivo era contemplar os eventos mistos. Caio competiu nos 20km, sendo medalhista de prata, e na maratona de revezamento, ao lado de Viviane Lyra, terminou em sétimo.

Por enquanto, Caio explica que o foco será o Mundial de 2025, no Estádio Nacional de Tóquio, de 13 a 21 de setembro. Ele tem índices para disputar os 20 km e os 35 km.

O brasileiro marchou várias vezes abaixo do índice dos 20 Km (1h19min20) para o Mundial. A marca que consta em sua qualificação é a da medalha de prata conquistada na Olimpíada de Paris: 1h19min09.

Em relação aos 35 Km, ele conseguiu o índice mundial quando ficou em terceiro lugar (2h27min48) no World Race Walking Tour, categoria bronze, no Parque St Anne’s de Dublin (Irlanda), em sua última competição do ano de 2024, em dezembro.

— Vou para brigar pelos dois pódios. A primeira prova é a de 35km. Isso ajudará — disse Caio. — Sou um marchador com muita resistência que tem velocidade. Mas ainda não encaixei essa prova dos 35km, aquela coisa de cruzar a linha de chegada e sentir que fez uma bela prova. Quem sabe agora.

Caio Bonfim tem duas medalhas de bronze conquistadas em Mundiais, nos 20 km da marcha, em Londres 2017 e em Budapeste 2023.

O CBC & Clubes EXPO é promovido pelo Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e tem programação diversificada, abordando temas essenciais para a evolução do esporte e a formação de atletas no Brasil.

*A repórter viajou a convite do CBC