“Cada vez mais em Portugal temos esta ambição de ver o mundo como o nosso mercado”

Maria José Amich, diretora executiva do The Lisbon MBA Católica| Nova diz ao JE que há 25 nacionalidades entre os 145 alunos do consórcio. Só no International MBA, um dos dois programas que ministra, os estrangeiros são quase dois terços. EUA, Índia, Alemanha, Brasil e Angola são os países mais representados. Garantir a liderança em Portugal e crescer nos rankings internacionais da modalidade são objetivos de médio e longo prazo.

Foi na IESE Business School, em Barcelona, que Maria José Amich viveu a experiência do Master of Business and Administration, nos anos noventa. Quase três décadas depois, os antigos alunos da turma continuam a encontrar-se. Nem a Covid-19 abalou o ritual. “Existe entre nós uma conexão, uma amizade, que vai muito além da área profissional”, diz a hoje Diretora Executiva do The Lisbon MBA Católica|Nova ao Jornal Económico. Destaca a comunidade de alumni e o networking como dois trunfos formidáveis para quem faz um programa deste género.

Qual está a ser o comportamento do mercado MBA? 

Está a crescer. As candidaturas em 2024 cresceram praticamente em todas as geografias, algo que não tinha acontecido nos últimos dois anos após a crise da Covid-19. 

 

Como se situa Portugal nesse contexto? Pode crescer? 

Sim. Em Portugal temos vindo a consolidar uma reputação de excelência no nosso Ensino Superior, que, neste momento, está claramente a ter resultados. Atraímos cada vez mais alunos internacionais, seja nos masters, seja nos MBA. Acho que não são só a Católica-Lisbon e a Nova SBE, todas as escolas de gestão com quem falo estão, de alguma forma, a dizer o mesmo. Portugal está muito atrativo para os estudantes que querem fazer estudos pós-graduados. 

 

Onde fica o The Lisbon MBA neste retrato?

Temos não só a capacidade para continuar a responder a esta onda de procura, mas também a capacidade para aumentar a nossa quota de mercado. 

 

Qual a vossa margem de crescimento?

Está nos nossos objetivos para os próximos cinco anos consolidar a posição de liderança em Portugal, continuarmos a ser número um, tanto com o nosso International full-time MBA como com o nosso Executive part-time MBA. Nos próximos 5 anos queremos estar no TOP 15 na Europa e consolidar a nossa posição no TOP 50 no mundo com o nosso Executive MBA e chegar também ao TOP 50 com o nosso International full-time MBA. 

 

O que vos falta para concretizar esses objetivos?

Temos de crescer em todos os critérios e indicadores dos rankings do “Financial Times”. Continuar a crescer nos indicadores relativamente a progressão de carreira, onde temos tido um avanço muito considerável. Hoje o aumento salarial em média dos alunos graduados do nosso programa International full-time MBA é de 89%, três anos após concluir o programa, e de 66% para os graduados do programa Executive MBA. Sendo que o nosso índice de empregabilidade é de 97%, seis meses após a conclusão do programa. Mas também temos de crescer noutros indicadores, na percentagem de mulheres no corpo docente e nas turmas, que já tem vindo a alcançar a paridade no International full-time MBA, assim como nos indicadores ligados à sustentabilidade, entre outros. 

 

Qual está a ser a vossa aposta no The Lisbon Católica|Nova? Que tendências estão a integrar nos programas? 

Reforçámos a nossa missão de formar líderes com impacto positivo para além do negócio, também na comunidade onde intervém, na sociedade como um todo, e que tenham ambição de crescimento pessoal e profissional com uma perspetiva de carreira global. Estamos num país pequeno, mas que não é assim tão pequeno, incluindo geograficamente quando olhamos para o mar. Cada vez mais em Portugal temos esta ambição de ver o mundo como o nosso mercado e querermos que os nossos alunos estejam preparados para ele. Daí o reforço permanente das nossas parcerias internacionais. Consolidámos a relação com o MIT Sloan, assinando um novo protocolo, mas não só. 

 

Que outras parcerias destaca? 

Neste momento, os nossos alunos podem optar por fazer uma semana de imersão em Singapura, que claramente é uma das regiões mais dinâmicas nos negócios e no mundo empresarial. Esta missão é muito focada em como alavancar negócios no sudoeste asiático, mas também na China. Oferecemos outras parcerias na Europa que queremos reforçar. Este ano, os alunos podem optar por fazer disciplinas em St Gallen, na Suíça, e no ESADE, em Espanha. Estamos a falar com outros MBA na Alemanha e também na Bélgica. Neste foco internacional, não podemos esquecer o Brasil onde temos uma parceria muito interessante com a Fundação Dom Cabral e a África do Sul, com a University of Cape Town. 

 

Voltemos às tendências.

A Inteligência Artificial, nomeadamente, a generative IA está a mudar a forma como olhamos para os negócios, seja na introdução destas tecnologias para ganhar eficiência e maior produtividade nos processos e na forma como gerimos, seja questionado como nos vai ajudar a expandir ou a desenvolver novos modelos de negócio. Nos nossos programas, já tínhamos cadeiras específicas de IA e de data analytics, que continuamos a ter, mas estamos a introduzir a IA de forma transversal em todas as nossas disciplinas, seja Marketing, Finanças, Processos e Operações ou Pessoas e Organizações. E, claro, com a nossa parceria com MIT Sloan, que é pioneiro nesta área, queremos reforçar as cadeiras ligadas a inovação tecnológica e como alavancar esta inovação para um crescimento sustentável. 

 

A sustentabilidade é um ponto forte?

Sim. Como mencionei, a nossa missão é formar líderes que tenham impacto no negócio e na sociedade. O desenvolvimento que esta inovação tecnológica vai trazer-nos tem que ter a perspetiva de beneficiar todos os stakeholders. Claro que há que beneficiar os acionistas, mas o benefício tem de ser distribuído por todos os que se envolvem na empresa: empregadores, colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros, e a sociedade. Este tema da sustentabilidade, do impacto no ambiente e do impacto social estão também muito dentro da nossa agenda, dentro da formação que damos aos nossos alunos. 

 

Os vossos programas valorizam a diversidade das turmas, a discussão na sala de aula e a aprendizagem coletiva. Numa altura em que Donald Trump está a cortar fundos às universidades norte-americanas devido às suas políticas DEI, Portugal e vocês podem beneficiar?

Eu acho que sim. No mundo dos MBA, estamos a falar de duas realidades muito diferentes a dos Estados Unidos e a Europeia, mas acho que as pessoas estão cada vez mais a questionar-se qual é o tipo de recepção, de integração que vão sentir quando optam por estudar nos Estados Unidos. É algo que vejo como um claro elemento diferenciador de Portugal. O nosso país, para já, é visto com um dos países mais seguros do mundo e, por outro lado, é visto como um país aberto, tolerante, integrador e empreendedor. Os alunos procuram uma experiência de vida ao fazer o MBA, que vai mais além do programa, do curriculum, do rigor e da excelência académica, que temos. Estamos nos rankings, somos considerados como um muito bom MBA, com alunos a atingir os seus objetivos de carreira. Uma das principais motivações dos alunos é terem este progresso profissional após a conclusão do programa, mas também ter uma experiência de qualidade e enriquecedora desde uma perspetiva humana. A diversidade é fulcral. Para nós é inquestionável. Continuará a fazer parte do nosso foco.

 

Qual o perfil do aluno do International full-time MBA? 

Nove anos de experiência profissional, idade média 31 anos, 65% internacionais, 42% mulheres. Uma grande fatia de engenheiros (45%), a seguir gestão, mas também pessoas de ciências e ciências sociais, medicina, farmácia, psicologia, humanidades, direito. De onde são? Estados Unidos, Índia, Alemanha, Brasil. Estes quatro países são os mais importantes, mas  temos pessoas de Angola, Bélgica, Colômbia, França, Quénia, Luxemburgo, Moçambique, Noruega, Ucrânia… No conjunto das nossas três turmas (duas do Executive e uma do International) temos 145 alunos de 25 nacionalidades. 

 

Quando começou essa procura dos americanos? 

Nos últimos três, quatro anos. Tínhamos antes um americano, ou outro, um americano da terceira geração de emigrantes portugueses, mas neste momento temos uns seis ou sete, sem qualquer ligação prévia a Portugal, e que nos escolhem como lugar para fazer o MBA na Europa. No fundo procuram a Europa como continente para prosseguir os seus estudos e dentro da Europa escolhem Portugal. 

 

Que novidades nos reserva o The Lisbon MBA para a próxima edição? O Executive MBA vai ter uma novidade no formato. O programa é presencial e mantém-se presencial, mas vamos introduzir uma componente online. O programa encurta dois meses, passa para 20, seguindo a tendência dos programas de MBA executivos. As aulas presenciais passam a ser uma vez por mês, à quinta, sexta e sábado e serão complementadas com 6 horas de aulas online em regime pós laboral, cada trimestre. 

 

Quais são os principais pontos fortes dos vossos programas?

Temos muitos pontos fortes – os rankings pelo prestígio, o rigor e a excelência académica do corpo docente das três escolas de gestão que fazem parte desta parceria, Católica-Lisbon, Nova SBE e MIT Sloan, toda a área de serviço de carreiras, as empresas que vem recrutar os nossos alunos, o salário médio que os nossos alunos alcançam após a graduação, o índice de empregabilidade, o foco holístico dos nossos programas, com uma componente reforçada no desenvolvimento de competências de liderança, a abordagem action learning de aprender fazendo, a ligação com o mundo empresarial, e claro a experiência de viver o MBA em Lisboa, Portugal -, mas a comunidade de antigos alunos é um ativo intangível. Não tem preço. Quando um aluno faz um MBA no The Lisbon MBA Católica|Nova passa a fazer parte da comunidade de alunos do The Lisbon MBA, que começou em 2007, mas também da comunidade de alumni das escolas que forma esta parceria: a comunidade de alumni da CATÓLICA-LISBON e da NOVA SBE, assim como a comunidade de MIT Sloan Affiliate Alumni. Só das duas escolas portuguesas estamos a falar de uma comunidade de 40 mil alumni no mundo. Isto traduz-se numa oferta muito vasta de networking, lifelong learning, mentoria…. O MBA não acaba quando a pessoa se gradua, é o commencement como o chamam nos Estados Unidos, o início de uma vida que começa após o MBA.


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