Cabo Verde: Oradores refletem sobre o papel da educação libertadora à luz dos pensamentos de Cabral e Paulo Freire

A tertúlia “A Educação Libertadora sob os auspícios do pensamento de Cabral e Paulo Freire”, promovida pela Câmara Municipal da Praia, decorreu esta sexta-feira, 9 de maio, no Liceu Domingos Ramos, com intervenções centradas no papel da educação como ferramenta de consciência crítica e transformação social.

Perante uma plateia composta maioritariamente por professores e alunos, o sociólogo Nardi Sousa abordou o tema “Educar para libertar: a Consciência Crítica e o Papel da Cultura na Luta de Libertação”, inspirado em Amílcar Cabral. Realçou que, para Cabral, a cultura era uma arma de resistência essencial, capaz de despertar a consciência coletiva contra a opressão. Sublinhou ainda a importância da ciência, da produção própria e da valorização da identidade cultural como bases da autodeterminação. “Temos de rejeitar tradições negativas e acabar com o medo, que é a principal fonte de escravidão individual e coletiva”, frisou.

Por sua vez, a docente Izaura Furtado apresentou reflexões com base na obra “Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire. Rejeitou o modelo de “educação bancária” e defendeu uma pedagogia mais interativa e centrada no estudante. “A proposta dele era que a educação precisava ser interativa e centrada nos estudantes”, afirmou, destacando a necessidade de maior envolvimento das famílias, valorização da classe docente desde o pré-escolar, turmas mais reduzidas e investimentos na educação de adultos em Cabo Verde.

O vereador da Educação, Formação Profissional, Desenvolvimento Humano e Serviços Desconcentrados da CMP, Ricardo Fidalgo, enalteceu a pertinência do debate e a atualidade das ideias de Freire e Cabral, sobretudo no que diz respeito à pedagogia de libertação. “Paulo Freire fala muito da consciencialização, do despertar de consciência, enquanto Cabral usa a cultura como elemento contra a alienação cultural”, afirmou, sublinhando que ambos defendiam uma educação voltada para a liberdade.

A tertúlia foi moderada pela professora Gertrudes Oliveira e contou com a presença de representantes da CMP, da Assembleia Municipal da Praia, incluindo a presidente Clara Marques, e da comunidade educativa da capital. O momento foi enriquecido por declamações poéticas de alunos presentes.

Anícia Cabral – Correspondente

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