A CV TradeInvest, presidida por Almada Dias, e a Shaanxi Construction Engineering Group Corporation (SCEGC, uma das 500 maiores empresas do setor em todo o mundo), através de um dos seus vice-presidentes, Xiong Bangye, assinaram hoje em Macau um memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) que formaliza o interesse das partes em aproveitar a “capacidade técnica, tecnológica e financeira” da empresa chinesa no desenvolvimento de projetos em Cabo Verde.
A Shaanxi Construction está presente em Cabo Verde desde 2009, mas Almada Dias sublinhou novas razões que podem captar o interesse renovado da gigante chinesa da construção no país, a começar pela recente aposta do governo da Cidade da Praia na infraestruturação de zonas de desenvolvimento turístico integral (ZDTI), às quais destinou 20 mil hectares nas nove ilhas habitadas do arquipélago.
“Neste momento, temos mais de 20 mil hectares de zonas especiais destinadas ao desenvolvimento turístico”, sublinhou o gestor.
“Desde já, desafio a Shannxi Construction, juntamente com o Estado de Cabo Verde, a olhar para a infraestruturação dessas zonas especiais, que são grandes oportunidades para as empresas de construção”, acrescentou, explicando que a lei cabo-verdiana permite que a infraestruturação das zonas seja assumida na íntegra por empresas privadas ou em parcerias público-privadas (PPP), com o Estado de Cabo Verde ou com os municípios.
Em declarações aos jornalistas no final do evento, Almada Dias reforçou que o Governo cabo-verdiano tem “muito interesse em atrair empresas deste tipo, não só pela qualidade técnica que trazem, o know-how, mas sobretudo pela capacidade de mobilização de montantes” significativos, que Cabo Verde “não consegue mobilizar internamente”.
Xiong Bangye caracterizou Cabo Verde como “uma economia política bem desenvolvida”, e sublinhou a natureza multifacetada da Shannxi Construction, enquanto “empresa completa, com negócios em diferentes áreas, incluindo a habitação, imobiliária, transportes, energia, dessalinização”.
“Temos o turismo concentrado em duas ilhas — Sal e Boa Vista -, queremos que se espalhe por todo o país de forma mais organizada e planeada, e que leve os benefícios às populações das nove ilhas habitadas e não só”, explicou à Lusa o presidente da CV TradeInvest.
A Shannxi Construction oferece, na perspetiva da agência para o investimento externo cabo-verdiana “capacidade técnica em vários setores: habitação social, imobiliária, construção civil”.
“São setores que nos interessam, o próprio desenvolvimento do turismo em certas ilhas está a criar uma enorme necessidade de habitação social enorme. Temos um défice fantástico neste setor, o que é normal em países que estão a desenvolver-se. Há muita migração interna entre as ilhas, há pessoas que vêm de fora para vir trabalhar”.
A cerimónia concluiu a visita a Macau do embaixador cabo-verdiano em Pequim, Arlindo do Rosário, que participou na esta quarta-feira na 20.ª reunião ordinária do Secretariado Permanente do Fórum Macau e esteve presente na assinatura do MoU.
O diplomata sublinhou que “há muito mercado em Cabo Verde para as empresas chinesas e para as empresas de outros países”, distinguindo as prioridades estabelecidas pelo Governo do país no setor energético, das energias renováveis, mobilidade elétrica, entre outros, nomeadamente no projeto da Zona Económica Especial Marítima de São Vicente.
“Já trabalhámos inclusivamente com a China na elaboração da primeira fase do projeto e há espaço para empresas de todo o mundo, incluindo as chinesas, poderem entrar e investir nessa zona”, disse Arlindo do Rosário.
Leia Também: Cabo Verde bate Maurícias e lidera grupo D de apuramento para Mundial
Crédito: Link de origem