A humilhação sofrida esta terça-feira no Monumental de Buenos Aires pela selecção brasileira, naquela que foi a derrota (4-1) mais contundente da história da “canarinha” em fases de qualificação para o Mundial, aplicada pela arqui-rival Argentina, tornou insustentável a continuação de Dorival Júnior como seleccionador do Brasil.
No comando técnico do “escrete” desde Janeiro de 2024, Dorival poderá ter cumprido o último jogo como seleccionador do Brasil, o que, a verificar-se, será apenas a confirmação do desfecho esperado há já algum tempo, com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, obrigado a antecipar o cenário de ruptura.
Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, perfila-se como o nome preferido para suceder a Dorival Júnior, sem ignorar que entre as opções ao dispor de Ednaldo Rodrigues figuram nomes de treinadores portugueses, com Abel Ferreira, do Palmeiras, entre os mais consensuais, sem mencionar Jorge Jesus. O brasileiro Filipe Luís, responsável pelo Flamengo, é igualmente uma hipótese.
O timing para os planos da CBF pode, porém, não ser o melhor, já que Ancelotti, como a escolha óbvia, ganharia vantagem depois do Mundial de clubes, dentro de três meses, altura em que termina o contrato do treinador italiano com os campeões europeus.
A urgência imposta pela derrota de Buenos Aires pode, assim, obrigar a uma mudança de planos, o que poderá mesmo ser anunciado nas próximas horas.
Marquinhos “defende” Dorival
Apesar das declarações de Marquinhos, defesa central do Paris Saint-Germain e “capitão” da selecção “canarinha”, que saiu em defesa de Dorival Júnior, ao assumir a sua quota de responsabilidade – e de todos os jogadores da selecção –, o destino do treinador de 62 anos, vencedor da última Taça dos Libertadores conquistada pelo Flamengo, em 2022, para além das Copas do Brasil de 2010 (Santos), 2022 (Flamengo) e 2023 (São Paulo), e da Recopa Sudamericana (2011), pelo Internacional de Porto Alegre, parece estar traçado.
Falta conhecer o nome do sucessor do técnico que há pouco mais de um ano rendeu Fernando Diniz e que fica agora associado a uma das maiores derrotas do “escrete” dos últimos 60 anos, após 16 jogos em que o Brasil somou sete triunfos e outros tantos empates, para além de dois desaires.
O momento de crise da selecção do Brasil, pentacampeã mundial mas há demasiado tempo arredada dos grandes títulos, contrasta com o trajecto vencedor da Argentina, campeã do mundo no Qatar 2022 e da Copa América de 2021 e 2024. Cenário que torna ainda mais penosa a conjuntura brasileira, agora sublinhada pela pesada derrota de Buenos Aires.
Ainda na Argentina, no final do jogo, Marquinhos pediu tranquilidade e lamentou um resultado que “não pode repetir-se”, bem como toda a dor partilhada pelos brasileiros, assumindo parte da responsabilidade, que não poderá ser totalmente assacada a Dorival Júnior.
“Todos podemos fazer melhor. Há que dividir as culpas, entender o momento e ter humildade para reconhecer que não estamos num bom momento, mas que, juntos, podemos sair desta situação”.
Raphinha “vira” saco de pancada
O Brasil acabou por ser vítima do mau jogo e das declarações de alguns jogadores, com maior ênfase para as provocações deixadas antes do jogo por Raphinha, avançado do Barcelona, no podcast “De cara com o cara” do antigo avançado Romário, onde respondeu à questão deixada pelo “baixinho” se frente à Argentina, “nossa maior rival”, “graças a Deus, sem Messi” era “porrada neles?”.
Raphinha alinhou e disse: “Porrada neles, sem dúvida. Porrada neles! No campo e fora se tiver que ser”, disse, prometendo ainda marcar um golo.
Como se sabe agora, o Brasil acabou por transformar-se no saco de pancada dos argentinos, que reagiram às provocações em campo e fora. Para além da intimidação e de espicaçarem os rivais, em especial Raphinha, os jogadores argentinos ainda respeitaram um minuto de silêncio pela morte do futebol brasileiro, tendo continuado a “festa” nas redes sociais, com Messi e Di María a não perderem a oportunidade de responder aos brasileiros.
Para tornar o momento ainda mais doloroso, ao contrário da Argentina, que entrou em campo com a qualificação para o Campeonato do Mundo já garantida, o Brasil continua, quando faltam quatro rondas, com a situação por definir, somando 21 pontos (menos dez do que a Argentina) em 14 jogos e mais seis do que a Venezuela, que ocupa o sétimo lugar, de acesso ao play-off de qualificação.
O Brasil enfrenta o Equador (2.º, 23 pontos), recebe o Paraguai (5.º, 21) e o Chile (último) e termina a qualificação na Bolívia (8.º, 14 pontos), em Setembro. Tarefa que Dorival Júnior já não deverá cumprir.
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