O Brasil registou 45.747 assassínios em 2023, uma queda de 2,3% na taxa de mortes violentas face a 2022 (46.409) e a menor taxa de homicídios por 100 mil habitantes registada no país em 11 anos.
Em 2013 o país sul-americano registou um total de 57.396 assassínios, de acordo a mais recente edição do Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgada nesta segunda-feira.
Quando se analisa as estatísticas do relatório desde 2017, que foi o ano mais violento na série histórica do Atlas da Violência, com 65.602 óbitos, a queda no número de assassínios no Brasil chega a 30,2%.
Os dados apresentados foram coletados de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
Entre as causas para a queda de crimes violentos no Brasil apontadas no relatório estão o envelhecimento da população, pactos de não-agressão entre grupos criminosos do país e mudanças nas políticas de segurança pública.
O relatório também revela que houve uma mudança do padrão de criminalidade no Brasil porque observou-se uma redução em quase todos os crimes contra o património praticados na rua, no comércio e nas residências.
O estelionato praticado em meios digitais, pelo contrário, aumentou “nos últimos anos, alcançando quase dois milhões de registos de ocorrência, apenas em 2023, ou um golpe a cada 16 segundos”, apontou o relatório.
O Atlas da Violência também revela que apesar da redução de crimes violentos letais houve um aumento da perceção de insegurança entre os brasileiros.
Uma sondagem feita recentemente no Brasil pela Genial/Quaest apontou que 29% dos brasileiros consideram a criminalidade como o maior problema do país, mais 19 pontos percentuais em pouco mais de um ano, uma vez que em dezembro de 2023 apenas 10% dos entrevistados citavam a violência.
“A transformação digital da sociedade ao mesmo tempo em que ajuda a revelar os altos níveis de violência que permeiam as relações sociais (inclusive intrafamiliares e relacionadas ao ambiente escolar, como o cyberbullying), traz em seu bojo novas relações que potencializam o medo do crime“, lê-se no relatório.
“Esse é o caso do estelionato no rastro do furto ou roubo de celular, que pode ocasionar prejuízos significativos às vítimas, em valores muitas vezes superiores ao valor do aparelho subtraído”, acrescentou.
Se os números gerais indicam dados positivos, no que diz respeito à violência contra as mulheres houve aumento no número de feminicídios, que cresceu 2,5% entre 2022 e 2023, passando de 3.806 para 3.903, o maior patamar desde 2018. A cada dia, pelo menos dez mulheres foram assassinadas no país no ano passado.
Também foram registados 177.086 casos de violência doméstica contra mulheres em 2023, um aumento de 22,7% face a 2022. Esse tipo de violência corresponde a 64,3% de todos os atendimentos relacionados com a violência contra mulheres no sistema de saúde brasileiro.
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