O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, anunciou “em primeira mão”, como ele disse, durante o “Summit Valor Econômico Brazil-China 2025”, em Xangai, que o Brasil contará ainda neste ano com uma política nacional de minerais críticos para a transição energética. A nova política atenderá a uma reivindicação antiga da indústria mineral brasileira. O objetivo, segundo o ministro, é atrair investimentos para o setor no país e fortalecer a relação bilateral entre Brasil e China no setor mineral.
O Brasil é detentor de importantes reservas de minérios considerados estratégicos para a transição energética, como lítio, cobre, nióbio, cobalto e terras raras. São minerais usados em baterias de veículos elétricos, sistemas de geração de energia fotovoltaica e eólica, por exemplo.
“Vamos fortalecer a cadeia de minerais críticos”, disse Silveira durante painel sobre as indústrias de mineração e aço do Brasil. O ministro não entrou em detalhes sobre a política, mas reforçou que o país vai fortalecer a segurança regulatória e valorizar a produção sustentável. “O Brasil tem uma legislação ambiental reconhecida internacionalmente como adequada. Vamos dar celeridade ao processo de licenciamento para permitir ao investidor maior capacidade de aproveitar a cadeia mineral brasileira”, afirmou.
O interesse chinês por investimentos no setor mineral brasileiro é crescente. “Estamos buscando mais oportunidades de investimentos no Brasil e na América Latina”, afirmou Liu Jianfeng, diretor de investimentos da CMOC Group, empresa que produziu 10 mil toneladas de nióbio no Brasil em 2024, o que representou 11% da produção global.
Daniel Abdo, diretor de relações internacionais e novos negócios da Sigma Lithium, empresa que processa lítio no Vale do Jequitinhonha (MG), diz que a procura chinesa pelo minério da companhia é crescente. “Temos uma cadeia produtiva sustentável que gera um grande apelo comercial”, disse. A capacidade anual de 270 mil toneladas de lítio concentrado da companhia está prevista para dobrar até o final de 2025.
Segundo Tracy Xie, CEO da Vale China, a mineradora brasileira destinou ao país asiático 187 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado, o que representou mais de 60% de suas exportações do minério. “Temos um minério com alto teor de ferro, de alta qualidade, que permite uma produção de aço com menor emissão de carbono”, disse a executiva.
Para Liu Qiang, diretor-geral da Children’s Investment Fund Foundation (CIFF) na China, a qualidade do minério de ferro brasileiro, que permite uma produção de aço mais sustentável, é uma característica valorizada pela indústria siderúrgica chinesa, que está empenhada na descarbonização de seus processos. A indústria do aço é responsável por 15% das emissões de carbono na China.
Joe Zhao, diretor de estratégia da siderúrgica Yongfeng Group, diz que a indústria do aço chinesa passa por um processo de transformação. O consumo de aço pela indústria automobilística é crescente, assim como a demanda da indústria de equipamentos para a produção de energia renovável, o que deve manter o interesse chinês no minério de ferro fornecido pelo Brasil.
O summit é uma realização da Editora Globo e do Valor Econômico, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Caixin Global; com patrocínio master de BRF Marfrig; patrocínio de Cedae, ApexBrasil, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Prefeitura do Rio de Janeiro, CNA/Senar, BYD e Huawei; e com apoio de Eletromidia, Vale, CNI, Governo do Estado de São Paulo, Portos Do Paraná, Suzano, Prefeitura de São Paulo e Fiesp.
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