Brasil e Paraguai restabelecem relações após denúncia de espionagem

Buenos Aires (EFE).- Os ministros das Relações Exteriores de Brasil, Mauro Vieira, e Paraguai, Rubén Ramírez, concordaram em restabelecer as relações entre seus países, que passaram por um momento de tensão depois que a notícia de uma operação de espionagem organizada pela inteligência brasileira em 2022 contra autoridades paraguaias levou Assunção a suspender as negociações sobre um anexo ao tratado da hidrelétrica de Itaipu.

“Ambos os chanceleres concordaram com a importância de redirecionar os laços bilaterais através dos princípios e valores que regem as relações entre os Estados”, declarou a Chancelaria paraguaia em comunicado, no qual informou sobre a reunião realizada pelas autoridades na quinta-feira, antes da cúpula de chanceleres do Mercosul, hoje, em Buenos Aires.

De acordo com o texto, Ramírez e Vieira também concordaram em “encontrar soluções que lhes permitam continuar avançando nas questões importantes da agenda bilateral, incluindo as negociações do Anexo C do Tratado de Itaipu, obras de infraestrutura e segurança”.

Em 31 de março, o portal UOL noticiou uma operação de espionagem organizada pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o Paraguai em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro. Horas depois, o governo federal admitiu a operação, mas afirmou que ela foi encerrada em 27 de março de 2023.

Durante a reunião de ontem, Vieira, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, informou que o governo do Brasil “está no processo de uma ampla investigação para esclarecer os fatos graves” e que estão sendo aguardados os resultados fornecidos pelas autoridades correspondentes.

“Uma vez concluídas as investigações pertinentes, o governo brasileiro enviará o relatório solicitado pelas autoridades paraguaias”, acrescentou o comunicado, ressaltando que Vieira destacou “os vínculos históricos e a vigorosa relação entre os dois países”.

Em 1º de abril, um dia depois de tomar conhecimento dos relatórios da operação de espionagem, Ramírez anunciou a suspensão indefinida de “todas as negociações” sobre o Anexo C, “até que o Brasil forneça os esclarecimentos correspondentes para a satisfação do governo paraguaio”.

Ele também convocou o embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes de Carvalho, a quem pediu “explicações detalhadas” sobre a operação e convocou “imediatamente” o representante diplomático paraguaio em Brasília.

Na última segunda-feira, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, junto com vários de seus ministros, inclusive Ramírez, recebeu informações sobre essa operação, o que levou à abertura de uma investigação por parte do Ministério Público (MP) paraguaio, conforme informou a instituição em 3 de abril. EFE

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